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segunda-feira, 16 de abril de 2012

(D. Pedro II) Parte 02 - O órfão da nação

Foto de D. Pedro II, o Pedrinho, quando criança
Pedro d'Alcântara (D.Pedro II) nasceu em 02 de dezembro de 1825, num momento em que seu pai, D. Pedro I, passava por um momento de serias dificuldades políticas. Entre os anos de 1822 e 1823, D. Pedro I foi tratado como um legitimo herói da nação por declarar a independência do Brasil. Porém, ao dissolver em novembro de 1823 a Assembleia Constituinte, teve inicio um processo irreversível de rejeição ao imperador. Sua situação só fez piorar ainda mais quando, via tribunal de exceção, uma junta militar julgou sumariamente os participantes da Confederação do Equador, sendo muitos deles enforcados ou fuzilados (dentre eles estava Frei Caneca).

Dom Pedro II, ou simplesmente Pedrinho, foi o sétimo filho da imperatriz Leopoldina. Ele nasceu com aparência robusta, medindo 47 centímetros. Apesar de sua aparência saudável ao nascer, Pedrinho não foi uma criança sadia.  Ele herdara do pai a epilepsia sofrendo, desde  1827 até as vésperas da maioridade, inúmeros ataques. Porém, seus maior problema na infância não foi a epilepsia ou qualquer problema de saúde. Seu grande problema foi a orfandade. Pedrinho não conheceu os seu avós (D. João VI e dona Carlota Joaquina), o pai e a madrasta  (dona Amélia de Leuchtenberg) deixaram o Brasil em 13 de abril de 1831. Da mãe, dona Leopoldina, só sabia "o que os outros lhe referiam" (a imperatriz morreu quando ele tinha somente um ano de vida).

Pedrinho foi aclamado como imperador Dom Pedro II no dia 07 de abril de 1831, aos cinco anos de idade, e tornou-se um órfão da nação, alcunha que passaram a lhe aferir. Um órfão acompanhado da três irmãs, Januária, Paula Mariana e Francisca, companheiras de uma juventude infeliz. Dona Mariana Carlota, ou Dadama (que era como Pedrinho à chamava) foi a mãe de criação de Pedrinho e o acompanhou até a maioridade dele. Ela era uma portuguesa viuvá, mulher muito religiosa que viera ao Brasil na comitiva de D. João VI, o avo de Pedrinho. Dadama e o futuro tutor, José Bonifácio, tiveram papel marcante na educação do jovem Pedro. 

Com o pai, o jovem Pedro tinha pouco em comum. Dom Pedro I era comandado por emoções, por vezes contraditórias, a que não aprendera a impor barreira alguma. era impulsivo, romântico, autoritário, ambicioso, generoso, grosseiro, sedutor. Era capaz de grandes ódios e grandes amores. O jovem Pedro fora educado para não parecer com o pai e de fato em quase nada se pareciam. Porém, mesmo não tendo a oportunidade de conviver com a mãe, Pedro II era muito parecido com ela e os dois se assemelhavam em variados pontos. Eram-lhe comum o amor ao livro e a ciência, especialmente a astronomia. Tinham também em comum a obsessão pelo cumprimento do dever e buscavam o refugio no estudo quando atormentados pelo tumultuar dos sentimentos. 

Mas quem foi Leopoldina? Foi uma mulher que saiu de uma das cortes mais prestigiadas da Europa para viver em uma corte tupiniquim sem modos, com  seu marido "cafajeste" Dom Pedro I, que à traia e à agredia (moralmente e fisicamente) fazendo da nossa primeira imperatriz uma das mulheres mais tristes da nossa história. Saberemos mais de sua triste história no próximo post. 


Referência:
CARVALHO, José Murilo. D. Pedro II. São Paulo: Cia. das Letras, 2007. (Coleção Perfis Brasileiros)

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