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terça-feira, 10 de abril de 2012

(Filosofia) Sócrates


“Ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece que sou um pouco mais sábio que ele exatamente por não supor que saiba o que não sei”. SÓCRATES

  • Sócrates (469-399 a.C.) é considerado um marco divisório da historia da filosofia grega 
  • Sócrates não deixou nada escrito, o que se sabe dele e de seu pensamento vem dos textos de seus discípulos e de seus adversários 
  • Contrariamente aos sofistas, Sócrates opunha-se ao relativismo em relação à questão da moralidade e ao uso da retórica para atingir interesses particulares
  • Sofistas: Situavam suas reflexões a partir dos dados empíricos, o sensório imediato, sem se preocupar com a investigação de uma essência da virtude, da justiça, do bem, etc. 
  • Sócrates: Procurava um fundamento ultimo para as interrogações humanas (O que é o bem? O que é virtude? O que é justiça?) 
  • Pergunta fundamental de Sócrates: O que é a essência do homem? 
  • Alma: Sede da razão, do eu consciente (consciência intelectual e moral) 
“O homem é a sua alma” 
  • O autoconhecimento era um dos pontos básicos da filosofia socrática: “Conhece-te a ti mesmo” 
  • Sua filosofia era desenvolvida mediante diálogos críticos com seus interlocutores. Esses diálogos podem ser divididos em dois momentos básicos: a ironia e a maiêutica 

A IRONIA 

  • No grego, ironia quer dizer “interrogação” 
  • No decorrer dos diálogos, Sócrates atacava de modo implacável as respostas de seus interlocutores
  • Procurava evidenciar as contradições e os problemas que surgiam com cada nova resposta 
  • Objetivo inicial: Demolir nos discípulos o orgulho, a arrogância e a presunção do saber 
  • Sócrates afirmava que a primeira virtude do sábio é adquirir a consciência da própria ignorância 
“Sei que nada sei” 
  • A ironia socrática tinha um caráter purificador porque levava os discípulos a confessarem suas próprias contradições e ignorâncias, onde antes só julgavam possuir certezas e clarividências 

A MAIÊUTICA 

  • Maiêutica: “arte de trazer a luz” 
  • Libertos do orgulho e da pretensão de que tudo sabiam, os discípulos podiam então iniciar o caminho da reconstrução de suas próprias ideias 
  • Nessa segunda fase do dialogo, o objetivo de Sócrates era ajudar seus discípulos a conceberem suas próprias ideias 



Resumindo
  • PRIMEIRA FASE (ironia): Demolir nos discípulos o orgulho, a arrogância e a presunção do saber 
  • SEGUNDA FASE (maiêitica): ajudar seus discípulos a conceberem suas próprias ideias


BIOGRAFIA: A VIDA E A MORTE DE SÓCRATES

Filme Completo: Sócrates

A VIDA
Sócrates foi o pioneiro do que atualmente se define como Filosofia Ocidental. Nascido em Atenas, por volta de 470 ou 469 a.C., seguiu os passos do pai, o escultor Sofrônico, ao estudar seu ofício, mas logo depois se devotou completamente ao caminho filosófico, sem dele esperar nenhum retorno financeiro, apesar da precariedade de sua posição social. Seu trabalho seria marcado profundamente pelos textos de Anaxágoras, outro célebre filósofo grego.

No início, Sócrates caminhou pelas mesmas veredas dos sofistas, mas ao retomar seus princípios ele os universalizou, empreendendo a jornada típica do pensamento grego. Suas pesquisas iniciais giraram em torno do núcleo da alma humana. Até hoje este filósofo é sinônimo de integridade moral e sabedoria, pois sempre agiu com ética, responsabilidade, e tornou-se padrão de perfeita cidadania.

Ele desprezava a política e não se adaptava à vida pública, embora tenha exercido algumas funções no quadro político, inclusive como soldado. Seu método filosófico ideal era o diálogo, através do qual ele se comunicava da melhor forma possível com seus contemporâneos, no esforço de transmitir seus conhecimentos para os cidadãos gregos. Além de legar ao mundo sua sabedoria sem par, ele também formou dois discípulos fundamentais para a perpetuação e desenvolvimento de seus ensinamentos – Platão e Xenofontes - embora não tenha deixado por escrito o fruto de suas pregações.

Casado com Xantipa, nunca priorizou sua família, sempre entregue ao exercício dos dons de que era dotado. Sua essência crítica e justa o levava a crer que tinha uma importante missão, a de multiplicar seres igualmente dotados de sabedoria, probidade, moderação. Este caminho o levaria a se chocar com a cúpula dos governantes, na qual conquistaria inimigos e insatisfação. A contundência de sua fala, o rigor de sua personalidade, seu viés crítico e mordaz, suas idéias muitas vezes opostas à estrutura social vigente e o método educativo de que se valia, geraram-lhe antagonistas no seio da estrutura política que então dominava a Grécia.

O comportamento de Sócrates desencadeou em sua prisão, acusado por Mileto, Anito e Licon, de perverter a juventude e renegar os deuses cultuados pelos gregos, trocando-os por outros. Recebendo a oportunidade de advogar a seu favor, diante do tribunal e dos homens, ele se recusou, pois não pretendia renunciar ao que acreditava e ao que pregava a seus conterrâneos. Ele preferia ser condenado pela justiça terrena e preservar, diante da imortalidade, a verdade de sua alma. Assim, optou pela morte, decretada por seus juízes, através do voto da maioria.


A MORTE

“Condenável não é a sentença, mas a vontade perversa que a inspira”

Por desrespeitar os deuses gregos e incitar os jovens à desobediência, Sócrates fora preso e condenado a beber cicuta (uma espécie de veneno). Os amigos poderiam libertá-lo. Não o quis. Por quê? Quis dar o exemplo de obediência ao seu daimon, o seu deus interior.

Ao esperar a execução de sua sentença, prorrogada por um mês – graças a uma lei que não permitia o cumprimento desta pena enquanto um navio empreendesse uma jornada até Delos, oferecida em cumprimento de um voto -, preparou-se psicologicamente para esta viagem além-túmulo, em conversas espiritualizadas com seus amigos.


Para Sócrates, o filósofo deseja morrer. A sua tese: a morte é um bem. Sócrates supunha duas alternativas para a morte: o nada e a transmigração da alma. Sendo nada, uma espécie de sono profundo, ela é preferível à vida. Se a morte, porém, é a passagem da alma para o além-túmulo, é uma grande oportunidade para encontrar homens ilustres, e continuar aprendendo com eles.


Afirma que a tranquilidade interior do homem honesto é superior à morte. Acha que cada acontecimento, inclusive a condenação à morte, tem uma razão de ser. Ele diz que mesmo o que aconteceu com ele não aconteceu por acaso, achando que morrer naquela circunstância era livrar-se de todas as suas fadigas. Como não recebeu nenhum sinal divino que o detivesse, a morte era o maior dos bens.

Após ter bebido calmamente seu cálice de cicuta, veneno mortal, ele teria dito “devemos um galo a Esculápio”, pois acreditava que o suposto deus da Medicina o tinha libertado da enfermidade conhecida como ‘vida’, liberando-o para a morte. Desta forma ele partiu em 399 a.C., aos 71 anos.

“Mas é chegada a hora de partir: eu para a morte e vós para a vida. Quem de nós se encontra para o melhor destino, todos nós ignoramos, exceto o deus”. 

Frases de Sócrates

“Aquilo que não puderes controlar, não ordenes.” 


“Pois bem, é hora de ir: eu para morrer, e vós para viver. Quem de nós irá para o melhor é obscuro a todos, menos a Deus.” 


“Para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvemos em nós mesmos as qualidades que naquela admiramos.” 

“Deve-se temer mais o amor de uma mulher, do que o ódio de um homem.” 

“Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância.” 

“O ideal no casamento é que a mulher seja cega e o homem surdo.” 

“Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” 

“Só sei que nada sei.” 

“Meu conselho é que se case. Se você arrumar uma boa esposa, será feliz; se arrumar uma esposa ruim, se tornará um filósofo.” 

“O amigo deve ser como o dinheiro, cujo valor já conhecemos antes de termos necessidade dele.” 

“Sob a direção de um forte general, não haverá jamais soldados fracos.” 

“Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses.” 

“Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância.” 

“Não penses mal dos que procedem mal; pensa somente que estão equivocados.” 

“Aquele a quem a palavra não educar, também o pau não educará.” 

“O verdadeiro conhecimento vem de dentro.” 

“O que deve caracterizar a juventude é a modéstia, o pudor, o amor, a moderação, a dedicação, a diligência, a justiça, a educação. São estas as virtudes que devem formar o seu carácter.” 

“A maneira mais fácil e mais segura de vivermos honradamente, consiste em sermos, na realidade, o que parecemos ser.” 

“Três coisas devem ser feitas por um juiz: ouvir atentamente, considerar sobriamente e decidir imparcialmente.” 

“Se todos os nossos infortúnios fossem colocados juntos e, posteriormente, repartidos em partes iguais por cada um de nós, ficaríamos muito felizes se pudéssemos ter apenas, de novo, só os nossos.”


Fonte do post:
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: História e grandes temas, São Paulo, Saráiva, 2006


Fontes da biografia:

Links para aprofundamento dos estudos

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