Páginas

domingo, 13 de maio de 2012

(História) Brasil Colônia -Parte 04- Casa-Grande & Senzala



  • Abordaremos a seguir como era a vida no inicio do período colonial açucareiro brasileirio, tendo como fonte de referencia (mas não como unica fonte) o livro "Casa-Grande e Senzala", de Gilberto Freire.
  • Abordaremos os aspectos culturais, economicos, sociais e etnicos do período.
  • Lembrando que esse blog não tem por principio abordar esse tema por completo, mas sim dar recursos para que os alunos possam ampliar seus conhecimento adquiridos em sala de aula.
  • Casa-Grande & Senzala foi a obra que consagrou o sociólogo e escritor brasileiro Gilberto Freyre. 
  • Este ensaio, lançado em 1 de dezembro de 1993, aborda a formação e o desenvolvimento econômico-social do Nordeste durante a era colonial.
    Livro "Casa-Grande & Senzala" de Gilberto Freire
  • O autor vê no cultivo da cana-de-açúcar, em meados do século XVI, um elemento fundamental neste mecanismo.
  • O escritor recifense aponta a participação significativa da estrutura até mesmo arquitetônica da Casa Grande na constituição da sociedade brasileira e de suas determinações culturais. E destaca a importância da senzala como pólo complementar desta instituição colonial. Tudo gira em torno do patriarcalismo, modelo no qual uma autoridade masculina exercita seu poder sobre todos que se encontram sob seu domínio.
  • O patriarca detém o controle sobre escravos, familiares, os filhos e seus descendentes, sua cônjuge, entre outros elementos que se abrigam em sua propriedade agrária. A casa-grande atua como um símbolo que agrega a todos, pois manifesta o potencial de acolher os membros que compõem esta comunidade.
Casa grande
  • Gilberto rejeita a concepção de que o brasileiro, por sua prática constante da mestiçagem, seja inferior a outros povos. Ele reforça a ideia de que a miscigenação concretizada entre ibéricos, indígenas e africanos, contribuiu para a constituição cultural positiva do povo que se desenvolveu em terras brasileiras.
  • O sociólogo desenvolve neste livro sua tese, expondo o nascimento da sociedade brasileira do ponto de vista da rotina na casa do grande senhor. Esta edificação é um instrumento do autor para representar o próprio país no período colonial, fundado sobre a monocultura do açúcar. Nesta terra recém-descoberta a natureza inclemente é vista como uma barreira a ser vencida, antes de se lograr o desenvolvimento da civilização.
  • Tentando conquistar riqueza e fama, o colonizador europeu enfrenta a barbárie e, aos poucos, constrói um universo pretensamente civilizado. As famílias que se destacam neste país emergente, por seu poder e sua influência, instauram espaços pioneiros na esfera pública e assim fortalecem laços de soberania e autoridade, gerando teias interativas que se estendem por todas as partes. Desta união de interesses entre núcleos familiares poderosos nasce o Estado, quase como um fator secundário.
  • De 1532 em diante emergiu uma estrutura social baseada no modelo econômico da exportação, estimulada pelos membros da monarquia brasileira, fixada em um centro produtor, a Casa-Grande, igualmente instituída como núcleo sócio-político. Freyre também demonstra a preponderância do português sobre os indígenas, através dos jesuítas, que atuaram no sentido de dominar este povo por meio da doutrinação moral e espiritual. A eles não restaram muitas opções além de se submeterem a esta colonização da alma, a não ser o árduo labor nas lavouras ou a fuga constante pelas florestas.
Senzala
  • Quanto ao escravo, ele tem um papel de destaque na composição da sociedade brasileira, segundo Freyre, agindo até mesmo na essência do povo brasileiro. Esta concepção, somada à visão do autor sobre a sexualidade do brasileiro, abordada explicitamente, impregna esta obra de um potencial subversivo sem igual, o qual requer ainda hoje uma investigação mais profunda, que revele todo seu potencial oculto.

Os Senhores de engenho 


  • Viviam na casa-grande
"era uma residencia feita adobe ou taipa e com mobiliario simples, sevia como fortaleza, alojamento e administração," Marcos Capellari
  • Eram os proprietários de terra.
  • Estavam diretamente ligados ao sistema colonial de produção. 
  • Tinham prestigio social e poder.
  • Cumpria o papel de chefe político, juiz e delegado.
  • À esposa do senhor de engenho, cabia o papel de geradora de herdeiros. Elas não possuíam voz ativa. 
  • Evitando dividir suas posses, muitos senhores de engenho obrigavam suas filhas a se casarem com membros da própria família. 
  • O convento era o destino de muitas mulheres que não se casavam. 
  • As mulheres tinham um papel social de submissão: quando filhas, deveriam obediência ao pai; quando esposa, deveriam obediência ao marido. 

Escravos 
  • Viviam nas senzalas (habitação rustica na qual habitavam os escravos).
  • Trabalhavam por obrigação. 
  • Não tinham direitos, apenas obrigações. 
  • Tinham a função de gerar produtos que seriam transformados em riquezas para os senhores feudais. 
  • O próprio escravo era considerado uma mercadoria, que se vendia e se comprava, gerando lucro. 
  • Raramente conseguiria deixar essa condição. 
  • Existiam os alforriados: Negros ou mulatos que se tornaram livres mediante uma carta de alforria, que podia ser comprada pelo próprio escravo ou cedida pelo seu senhor. 
  • Os índios foram os primeiros a serem escravizados, porém, a escravidão dos africanos passou a ser privilegiada. 
  • Enquanto durou o trafico, entraram no Brasil, aproximadamente 3 milhões e meio de africanos de diferentes padrões culturais. 
  • Os principais povos africanos que vieram ao Brasil na situação de escravos foram os Sudaneses e os Bantos. 
  • Alguns dos escravos africanos eram obtidos por rapto, guerra ou escambo; 
  • Muitos dos escravos na colônia já eram escravos na África e foram vendidos aos traficantes pelos povos rivais que por lá os escravizavam. 

Fatores determinantes para a substituição da mão-de-obra escrava de índios para a mão-de-obra escrava de africanos: 
  • O trafico dos africanos era lucrativo para muita gente; 
  • Os africanos estavam longe de suas terras e não conheciam a nova terra, ao contrario dos índios que eram nativos e por isso poderiam empreender uma fuga com maiores facilidades; 
  • Com a escravidão e a vinda forçada à América, os negros escravizados estavam destituídos de seus laços familiares. Já os índios, não só poderiam empreender suas fugas como poderiam também ter sua fuga promovida por seus parentes ou por membros da sua tribo, além de não precisarem ficar vagando sem rumo, já que o seriam acolhidos por seus familiares; 
  • Os africanos eram desconhecedores da língua falada na colônia; 
  • Isso não quer dizer que os negros não resistiam e que não existiam fugas. Porém, na visão escravagista, seria mais vantajoso escravizar os negros do que escravizar os índios. 

Contribuição cultural africana:
  • Os africanos escravizados trouxeram seu modo de vida, sua cultura e suas tradições. 
  • Apesar da situação de escravo, eles influenciaram a cultura da sociedade colonial. Dentre muitos exemplos, podemos citar: 
  1. Vocábulos foram acrescentados à língua portuguesa; 
  2. Culinária (ex. feijoada); 
  3. Religião (ex. Umbanda, Candomblé); 
  4. Musica (ex. Samba). 
  • Como os africanos eram proibidos de se manifestarem religiosamente, para fugir da repressão dos senhores, os negros misturavam à sua religião elementos católicos. 
  • Isso deu origem a um sincretismo (associação de imagens, valores entre duas ou mais correntes religiosas).


Referências

Livros

BARBEIRO, Heródoto; CANTELE, Bruna Renata; SCHNEEBERGER, Carlos Alberto. História: volume único para ensino médio. São Paulo: Scipione, 2004.

CAPELLARI, Marcos Alexandre; Nogueira, Fausto Henrique Gomes. História, 2º ano: ensino médio. São Paulo: Edições SM, 2010. (Coleção  ser protagonista)



FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & SenzalaRio de Janeiro: Editora Record, 1998.

Sites



Nenhum comentário:

Postar um comentário