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terça-feira, 1 de maio de 2012

(Filosofia) Ideologia -Parte 02- A dissimulação dos interesses

  • A palavra ideologia pode assumir diversos significados. 
  • Ele foi criada pelo filosofo francês Destutt de Tracy (1754-1836) e significava ciência das ideias. 
  • Posteriormente, o termo passou a significar as ideias próprias de certo grupos sociais ou indivíduos. 
  • Influenciada pelo pensamento de Karl Marx, a palavra ideologia tornou-se largamente utilizada na filosofia e nas ciências sociais, adquirindo um significado critico e negativo. 
IDEOLOGIA SEGUNDO KARL MARX 
  • Para Marx, ideologia seria não apenas um conjunto de ideias que elaboram uma compreensão da realidade, mas também um conjunto de ideias que dissimulam essa realidade pois mostram as coisas de forma apenas parcial ou distorcidas em relação ao que realmente são. 
  • A ideologia teria a função de preservar a dominação das classes dominantes apresentando uma explicação apaziguadora para as diferenças sociais. 
  • O objetivo da ideologia seria evitar um conflito aberto entre opressores e oprimidos. 
  • A ideologia seria uma forma de consciência parcial e ilusória da realidade, que se baseia na criação de conceitos e preconceitos como instrumento de dominação. 
  • Para a filosofa brasileira Marilena Chaui, a noção de ideologia apresenta, de forma resumida os seguintes aspectos gerais: anterioridade, generalização e lacuna


Anterioridade
  • A ideologia funciona como um conjunto de idéias, normas e valores destinados a fixar e prescrever, de antemão, os modos de pensar, sentir e agir das pessoas.
  • Em razão de sua anterioridade, a ideologia predetermina o pensamento e a ação, desprezando a historia e a pratica na qual cada pessoa se insere, vive e produz.

Generalização
  • A ideologia tem como finalidade produzir um consenso coletivo, um senso comum (aceitação geral) em torno de certas teses e valores.
  • Com isso, generaliza para toda a sociedade aquilo que corresponde aos interesses específicos dos grupos ou classes dominantes.
  • O 'bem de alguns' é difundido como se fosse o 'bem comum'.
  • Além disso, a generalização visa ocultar a origem dos interesses sociais específicos que nascem da divisão da sociedade em classes.

Lacuna
  • A ideologia desenvolve-se sobre uma logica construída na base de lacunas, de omissões, de silêncios e de saltos.
  • Uma lógica montada para ocultar em vez de revelar, falsear em vez de esclarecer, esconder em vez de descobrir.
  • A eficiência de uma ideologia depende de sua capacidade para ocultar sua origem, sua lacuna e sua finalidade.
  • Suas ''verdades'' devem parecer naturais, plenamente justificadas, válidas para todos os homens e para todo o sempre.
  • A lógica ideológica só pode manter-se pela ocultação de sua gênese, isto é, a divisão social das classes, pois sendo missão das ideologias dissimular a existência dessa divisão, uma ideologia que revelasse sua própria origem se auto-destruiria.


Resumindo:
  1. ANTERIORIDADE: a ideologia funciona como um conjunto de ideias valores e regras fixadas previamente. Eles são anteriores ao pensamento e a ação de cada um. A ideologia estabelece previamente modos de pensar, sentir e agir.
  2. GENERALIZAÇÃO: a ideologia tem como finalidade produzir um consenso coletivo.  Visando ocultar a origem dos interesses sociais da classe dominante, o bem de alguns é colocado como conceito de “bem comum”. Dessa forma, a ideologia pretende produzir uma aceitação geral (um senso comum) em torno de certos valores.  
  3. LACUNA: a ideologia é uma lógica construída na base de lacunas, omissões, silêncios e saltos. A omissão, a ocultação é a base para a construção e para a manutenção de uma ideologia. Suas “verdades” devem parecer naturais, universais e inquestionáveis.  

A DESCONSTRUÇÃO DA IDEOLOGIA 
  • A critica à uma ideologia pode ser feita pelo exercício de "estranhamento" da realidade.
  • Nesse processo, os elementos que compõem determinada realidade devem deixar de ser vistos como dados naturais, universais, óbvios, para serem analisados, relativizados, examinados com senso critico, compreendidos como construções histórico-sociais.
"ao mesmo tempo em que se iludem, os indivíduos inquietos podem questionar suas próprias ilusões. Tropeçando nas distorções do conhecimento, os seres humanos insistem em reagir contra elas. Conhecer é um anseio que não se dissipa com a constatação das colossais dificuldades encontradas no caminho do conhecimento"              (Leandro Konder)

Referência
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: História e grandes temas. São Paulo: Saraiva, 2006.

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