Friedrich Wilhelm Nietzsche |
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Nietzsche foi praticamente ignorado pelo seu próprio século - o XIX -,
consagrou-se durante o século XX e tudo indica que sua filosofia vai sobreviver
ao século XXI
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Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844 – 1900) nasceu em Rocken, situado na atual
Alemanha.
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Em 1869, tornou-se professor titular de Filosofia na Basiléia.
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Foi após a leitura de O mundo como vontade e representação, do filosofo Schopenhauer,
que Nietzsche sentiu-se profundamente atraído por reflexões filosóficas.
APOLÍNEO E DIONISÍACO
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Nietzsche era um grande crítico da tradição filosófica ocidental que se
desenvolveu após Sócrates, a quem acusa de ter negado a instituição criadora da
filosofia anterior, ou seja, os pré-socráticos.
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Ele estabelecia a distinção entre dois princípios: o apolíneo e o dionisíaco.
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Apolíneo: Parte do deus grego Apolo
(deus da razão, da clareza, da ordem).
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Dionisíaco: Parte do deus grego
Dionísio (deus da aventura, da musica, da fantasia, da desordem).
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Para Nietzsche o apolíneo e dionisíaco foram separados na Grécia socrática, que,
optando pelo culto à razão (apolíneo), secou a seiva criadora da Filosofia,
contida na dimensão dionisíaca.
GENEALOGIA DA MORAL
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Nietzsche desenvolveu uma critica intensa dos valores morais.
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Ele abordou os valores morais estudando a formação histórica deles, ou seja,
ele desenvolveu uma genealogia da moral.
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Nietzsche chegou a conclusão de que não existem noções absolutas de bem e de
mal.
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Nietzsche afirmava que as concepções morais são produtos histórico-culturais, pois são elaboradas pelos homens, a partir de
determinados interesses humanos e em determinadas épocas.
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Segundo Nietzsche, religiões, como o judaísmo e o cristianismo, impõem esses
valores, que são estritamente humanos, aos indivíduos como se fossem produtos da
“vontade de Deus”.
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O autor afirma ainda que grande parte das pessoas acomoda-se a uma “moral de
rebanho”, baseada na submissão irrefletida aos valores dominantes da
civilização cristã e burguesa.
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Nietzsche era um grande crítico da massificação do mundo, da visão de mundo
burguesa e do conservadorismo cristão (que ele chamava de “moral de rebanho”).
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Percebemos aqui uma critica de Nietzsche à alienação dos seres humanos.
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Resumindo: todos os valores presentes em nossas vidas são construções humanas,
e não de deuses. E esses valores são culturais, não são naturais, não existem
desde que o mundo é mundo. São produtos histórico-culturais criados por classes
dominantes e por lideres religiosos e impostos ao resto da sociedade como se
fossem uma verdade de fato e naturalmente dignos de serem seguidos.
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Nietzsche afirmava que deveríamos questionar tais valores,
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Ele afirmava também que deveríamos refletir nossas concepções morais.
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Porém, se questionarmos os valores que nos são impostas e se refletirmos sobre
nossas próprias concepções morais, deveríamos também estar preparados para
enfrentar o desafio de viver por nossa própria conta e risco.
NIILISMO
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O cristianismo deixou de ser a “única verdade” para se tornar uma das possíveis interpretações do mundo.
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Assim como os valores do cristianismo foram questionados, nesse contexto, toda
a civilização ocidental e seus valores absolutos
também foram postos em xeque.
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Nesse contexto ocorre uma escalada do niilismo.
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O niilismo apontado por Nietzsche assentava-se, entre outras coisas, na “morte
de deus”, ou seja, na rejeição à crença em um ser absoluto e transcendental, capaz
de traçar para todos os humanos “o caminho, a verdade e a vida”.
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Por meio do niilismo o homem moderno vivencia a perda de sentido dos valores superiores
de nossa cultura.
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Assim sendo, o niilismo seria o sentimento coletivo de que nossos sistemas
tradicionais de valoração (valores morais no plano do conhecimento, no plano ético-religioso
ou no plano sociopolítico) ficaram sem consistência, não se sustentam mais, já
não são mais absolutos e inquestionáveis.
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O niilismo afirma ainda que tais valores já não podem mais atuar como
instâncias doadoras de sentido e fundamento para o conhecimento e a ação.
IDEIAS
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Seu estilo de escrita é o aforismático, escrito em trechos concisos, muitas
vezes de uma só página, e dos quais são pinçadas máximas. Muitas de suas frases
se tornaram famosas, sendo repetidas nos mais diversos contextos, gerando
muitas distorções e confusões. Algumas delas:
"A
filosofia é o exílio voluntário entre montanhas geladas."
"Nós,
homens do conhecimento, não nos conhecemos; de nós mesmo somos
desconhecidos."
"Não
me roube a solidão sem antes me oferecer verdadeira companhia."
"O
amor é o estado no qual os homens têm mais probabilidades de ver as coisas tal
como elas não são."
"Como
são múltiplas as ocasiões para o mal-entendido e para a ruptura hostil!"
"Deus
está morto. Viva Perigosamente. Qual o melhor remédio? - Vitória!".
"Há
homens que já nascem póstumos."
"O
Evangelho morreu na cruz."
"A
diferença fundamental entre as duas religiões da decadência: o budismo não
promete, mas assegura. O cristianismo promete tudo, mas não cumpre nada."
"Quando
se coloca o centro de gravidade da vida não na vida mas no "além" -
no nada -, tira-se da vida o seu centro de gravidade."
"Para
ler o Novo Testamento é conveniente calçar luvas. Diante de tanta sujeira, tal
atitude é necessária."
"O
cristianismo foi, até o momento, a maior desgraça da humanidade, por ter
desprezado o Corpo."
"A
fé é querer ignorar tudo aquilo que é verdade."
"As
convicções são cárceres."
"As
convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras."
"Até
os mais corajosos raramente têm a coragem para aquilo que realmente
sabem."
"Aquilo
que não me destrói fortalece-me"
"Sem
música, a vida seria um erro."
"E
aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não
podiam escutar a música."
"A
moralidade é o instinto do rebanho no indivíduo."
"O
idealista é incorrigível: se é expulso do seu céu, faz um ideal do seu
inferno."
"Em
qualquer lugar onde encontro uma criatura viva, encontro desejo de poder."
"Um
político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e
inimigos."
"Quanto
mais me elevo, menor eu pareço aos olhos de quem não sabe voar."
"Se
minhas loucuras tivessem explicações, não seriam loucuras."
"O
Homem evolui dos macacos? É, existem macacos!"
"Aquilo
que se faz por amor está sempre além do bem e do mal."
"Há
sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na
loucura."
"Torna-te
quem tu és!"
"Cada
pessoa tem que escolher quanta verdade consegue suportar"
"O
desespero é o preço pago pela autoconsciência"
"O
depois de amanhã me pertence"
"O
padre está mentindo."
"Deus
está morto mas o seu cadáver permanece insepulto."
"Acautela-te
quando lutares com monstros, para que não te tornes um."
"Da
escola de guerra da vida: o que não me mata, torna-me mais forte."
"Será
o Homem um erro de Deus, ou Deus um erro dos Homens?"
"É
preciso muito caos interior para parir uma estrela que dança."
CONCLUINDO
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Apesar do niilismo, Nietzsche defendeu também valores afirmativos da vida,
capazes de expandir as energias latentes em nós.
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“Ouse conquistar a si mesmo” talvez
seja a grande indicação nietzschiana àqueles que buscam viver a “liberdade da
razão” sem conformismo, resignação e submissão.
Referência
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: História e grandes
temas. São Paulo: Saraiva, 2006.
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