quarta-feira, 9 de outubro de 2013

(Filosofia) Friedrich Nietzsche: humano, demasiado humano

Friedrich Wilhelm Nietzsche
- Nietzsche foi praticamente ignorado pelo seu próprio século - o XIX -, consagrou-se durante o século XX e tudo indica que sua filosofia vai sobreviver ao século XXI
- Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844 – 1900) nasceu em Rocken, situado na atual Alemanha.
- Em 1869, tornou-se professor titular de Filosofia na Basiléia.
- Foi após a leitura de O mundo como vontade e representação, do filosofo Schopenhauer, que Nietzsche sentiu-se profundamente atraído por reflexões filosóficas.


APOLÍNEO E DIONISÍACO

- Nietzsche era um grande crítico da tradição filosófica ocidental que se desenvolveu após Sócrates, a quem acusa de ter negado a instituição criadora da filosofia anterior, ou seja, os pré-socráticos.
- Ele estabelecia a distinção entre dois princípios: o apolíneo e o dionisíaco.
- Apolíneo: Parte do deus grego Apolo (deus da razão, da clareza, da ordem).
- Dionisíaco: Parte do deus grego Dionísio (deus da aventura, da musica, da fantasia, da desordem).
- Para Nietzsche o apolíneo e dionisíaco foram separados na Grécia socrática, que, optando pelo culto à razão (apolíneo), secou a seiva criadora da Filosofia, contida na dimensão dionisíaca.


GENEALOGIA DA MORAL

- Nietzsche desenvolveu uma critica intensa dos valores morais.
- Ele abordou os valores morais estudando a formação histórica deles, ou seja, ele desenvolveu uma genealogia da moral.
- Nietzsche chegou a conclusão de que não existem noções absolutas de bem e de mal.
- Nietzsche afirmava que as concepções morais são produtos histórico-culturais, pois são elaboradas pelos homens, a partir de determinados interesses humanos e em determinadas épocas.
- Segundo Nietzsche, religiões, como o judaísmo e o cristianismo, impõem esses valores, que são estritamente humanos, aos indivíduos como se fossem produtos da “vontade de Deus”.
- O autor afirma ainda que grande parte das pessoas acomoda-se a uma “moral de rebanho”, baseada na submissão irrefletida aos valores dominantes da civilização cristã e burguesa.
- Nietzsche era um grande crítico da massificação do mundo, da visão de mundo burguesa e do conservadorismo cristão (que ele chamava de “moral de rebanho”).
- Percebemos aqui uma critica de Nietzsche à alienação dos seres humanos.
- Resumindo: todos os valores presentes em nossas vidas são construções humanas, e não de deuses. E esses valores são culturais, não são naturais, não existem desde que o mundo é mundo. São produtos histórico-culturais criados por classes dominantes e por lideres religiosos e impostos ao resto da sociedade como se fossem uma verdade de fato e naturalmente dignos de serem seguidos.
- Nietzsche afirmava que deveríamos questionar tais valores,
- Ele afirmava também que deveríamos refletir nossas concepções morais.
- Porém, se questionarmos os valores que nos são impostas e se refletirmos sobre nossas próprias concepções morais, deveríamos também estar preparados para enfrentar o desafio de viver por nossa própria conta e risco.


NIILISMO

- O cristianismo deixou de ser a “única verdade” para se tornar uma das possíveis interpretações do mundo.
- Assim como os valores do cristianismo foram questionados, nesse contexto, toda a civilização ocidental e seus valores absolutos também foram postos em xeque.
- Nesse contexto ocorre uma escalada do niilismo.
- O niilismo apontado por Nietzsche assentava-se, entre outras coisas, na “morte de deus”, ou seja, na rejeição à crença em um ser absoluto e transcendental, capaz de traçar para todos os humanos “o caminho, a verdade e a vida”.
- Por meio do niilismo o homem moderno vivencia a perda de sentido dos valores superiores de nossa cultura.
- Assim sendo, o niilismo seria o sentimento coletivo de que nossos sistemas tradicionais de valoração (valores morais no plano do conhecimento, no plano ético-religioso ou no plano sociopolítico) ficaram sem consistência, não se sustentam mais, já não são mais absolutos e inquestionáveis.
- O niilismo afirma ainda que tais valores já não podem mais atuar como instâncias doadoras de sentido e fundamento para o conhecimento e a ação.

IDEIAS
 
- Seu estilo de escrita é o aforismático, escrito em trechos concisos, muitas vezes de uma só página, e dos quais são pinçadas máximas. Muitas de suas frases se tornaram famosas, sendo repetidas nos mais diversos contextos, gerando muitas distorções e confusões. Algumas delas:

"A filosofia é o exílio voluntário entre montanhas geladas."

"Nós, homens do conhecimento, não nos conhecemos; de nós mesmo somos desconhecidos."

"Não me roube a solidão sem antes me oferecer verdadeira companhia."

"O amor é o estado no qual os homens têm mais probabilidades de ver as coisas tal como elas não são."

"Como são múltiplas as ocasiões para o mal-entendido e para a ruptura hostil!"

"Deus está morto. Viva Perigosamente. Qual o melhor remédio? - Vitória!".

"Há homens que já nascem póstumos."

"O Evangelho morreu na cruz."

"A diferença fundamental entre as duas religiões da decadência: o budismo não promete, mas assegura. O cristianismo promete tudo, mas não cumpre nada."

"Quando se coloca o centro de gravidade da vida não na vida mas no "além" - no nada -, tira-se da vida o seu centro de gravidade."

"Para ler o Novo Testamento é conveniente calçar luvas. Diante de tanta sujeira, tal atitude é necessária."

"O cristianismo foi, até o momento, a maior desgraça da humanidade, por ter desprezado o Corpo."

"A fé é querer ignorar tudo aquilo que é verdade."

"As convicções são cárceres."

"As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras."

"Até os mais corajosos raramente têm a coragem para aquilo que realmente sabem."

"Aquilo que não me destrói fortalece-me"

"Sem música, a vida seria um erro."

"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música."

"A moralidade é o instinto do rebanho no indivíduo."

"O idealista é incorrigível: se é expulso do seu céu, faz um ideal do seu inferno."

"Em qualquer lugar onde encontro uma criatura viva, encontro desejo de poder."

"Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos."

"Quanto mais me elevo, menor eu pareço aos olhos de quem não sabe voar."

"Se minhas loucuras tivessem explicações, não seriam loucuras."

"O Homem evolui dos macacos? É, existem macacos!"

"Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal."

"Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura."

"Torna-te quem tu és!"

"Cada pessoa tem que escolher quanta verdade consegue suportar"

"O desespero é o preço pago pela autoconsciência"

"O depois de amanhã me pertence"

"O padre está mentindo."

"Deus está morto mas o seu cadáver permanece insepulto."

"Acautela-te quando lutares com monstros, para que não te tornes um."

"Da escola de guerra da vida: o que não me mata, torna-me mais forte."

"Será o Homem um erro de Deus, ou Deus um erro dos Homens?"

"É preciso muito caos interior para parir uma estrela que dança."



CONCLUINDO

- Apesar do niilismo, Nietzsche defendeu também valores afirmativos da vida, capazes de expandir as energias latentes em nós.

- “Ouse conquistar a si mesmo” talvez seja a grande indicação nietzschiana àqueles que buscam viver a “liberdade da razão” sem conformismo, resignação e submissão.



Referência

COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: História e grandes temas. São Paulo: Saraiva, 2006.


Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...