sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

[Sociologia] QUADRO: "OPERÁRIOS", DE TARSILA DO AMARAL

Operários: destaque da fase social da pintora, a tela mostra os vários rostos dos trabalhadores darecém-inaugurada indústria brasileira.Foto: Reprodução
Quem entrar na sala 311 do Colégio Morumbi Sul notará na parede de fundo do ambiente um pôster que representa o quadro Operários, de Tarsila do Amaral. Mas por quais motivos uma representação desse quadro estaria fixada em uma das paredes da sala? Descobriremos a seguir.

 O quadro Operários - pintado em 1933 por Tarsila do Amaral - é um verdadeiro painel da nossa gente, a mesma que veio dos quatro cantos do país e do mundo para pegar pesado nas fábricas, que na época começavam a transformar a paisagem brasileira. A pintura retrata o momento da industrialização brasileira, principalmente, a paulistana. Com Getúlio Vargas, o País passou a se industrializar e a classe operária começou a surgir. O quadro mostra a diversidade cultural de um povo cansado e a dura rotina de trabalho nas industrias, representada pela fábrica ao fundo. Embora as pessoas estejam em primeiro plano e todas tenham traços diferentes, não é fácil diferenciá-las. Elas parecem todas iguais, representando, portanto, uma sociedade que massifica o cidadão.
 
Tarsila do Amaral
"Trata-se de um marco histórico na obra de Tarsila, pois, se ela já fora no Brasil a precursora do cubismo e do surrealismo nas artes plásticas, detém-se agora na pintura de assunto eminentemente social", escreve Nádia Battella Gotlib, autora de uma das mais completas biografias da pintora.

O quadro se encontra no Palácio Boa Vista e faz parte do Acervo do Governo do Estado de São Paulo. Para quem ainda não sabe, o Palácio Boa Vista é a residência oficial de inverno do governador do Estado de São Paulo. Localiza-se no Alto da Boa Vista, na cidade de Campos do Jordão. Sua construção se iniciou em 1938, a pedido do interventor federal Adhemar de Barros, para servir então de residência oficial de veraneio, sendo concluída somente em 1964. Em 1970, o palácio seria declarado “monumento de visitação pública” e transformado em um centro de arte, sem prejuízo de sua finalidade precípua de sede de inverno do governo estadual.
Biblioteca do Palácio Boa Vista, em Campos do Jordão-SP

O palácio abriga um precioso acervo artístico, constituído por obras de importantes nomes da arte brasileira, além de uma coleção de itens de artes aplicadas e artesanato. Anexa ao palácio encontra-se a Capela de São Pedro Apóstolo, projetada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que abriga um acervo de arte sacra do período colonial e de artistas contemporâneos. O acervo do Palácio da Boa Vista é aberto à visitação pública e integra, em conjunto com as coleções dos palácios dos Bandeirantes e do Horto, o Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo de São Paulo.
 
O quadro "Operários" no tempo em que ficou exposto no Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo do Estado de São Paulo., na cidade de São Paulo-SP
Dentre tantos outros assuntos, esse quadro será importante para estudarmos:
- Industrialização
- Movimentos migratórios
- Etnias
- Classes sociais
- Urbanização
- Inchaço urbano
- Solidariedade
- Competição
- Individualidade
- Individualismo
- Coletividade

DETALHES DE OPERÁRIOS SE DESTACAM:

1. ROSTOS SOBREPOSTOS:

No quadro os operários são apresentados com os rostos sobrepostos, o que remete à massificação do trabalho e às condições precárias de vida nas cidades. Diversas etnias aparecem na obra, fazendo menção à migração de diferentes locais do Brasil e do mundo para as grandes metrópoles.


2. EXPRESSÕES CANSADAS:

A expressão dos operários representados passa ao espectador a sensação de tristeza, indiferença e cansaço. Esses sentimentos representam as péssimas condições de trabalho às quais os migrantes estavam submetidos, assim como remetem à falta de perspectiva que predominava no contexto de opressão da Era Vargas.

 FICHA TÉCNICA - OPERÁRIOS:

Autor: Tarsila do Amaral
Onde ver: Acervo do Governo do Estado de São Paulo
Ano: 1933
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 150cm x 205cm
Movimento: Modernismo


Fontes:



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