sábado, 28 de fevereiro de 2015

[Geografia] DESENHANDO O MUNDO: A CARTOGRAFIA (Slides 8º anos)


De acordo com algumas definições a cartografia é a ciência que trata dos estudos e operações tanto científicas e técnicas, quanto artísticas, relacionadas à elaboração e - utilização das cartas (ou mapas) de acordo com determinados sistemas de projeção e uma determinada escala.

- Nós não percebemos, mas utilizamos as informações e conhecimentos produzidos pela cartografia no cotidiano. Ao consultarmos um guia de mapas de ruas, nas aulas de geografia da escola, no aparelho de GPS (Global Positioning System) do automóvel e em outras situações, estamos em contato com esta ciência que atua, principalmente, na elaboração e interpretação de mapas. Portanto, a cartografia é uma ciência voltada para a elaboração de mapas, unindo conhecimentos científicos, técnicos e artísticos.


HISTÓRIA DA CARTOGRAFIA


- O primeiro mapa de que se tem notícia foi feito em uma tábua redonda de argila por volta de 2.300 a.C. na região da Mesopotâmia (atual Iraque). Era apenas uma representação de um rio, provavelmente o rio Eufrates, circundando montanhas. Outros registros, datando de 1.000 a.C., foram encontrados no Egito em tumbas, onde os desenhos representavam paisagens locais, trilhas e rios.

- Essa representação feita pelos babilônios é considerada como o primeiro mapa-múndi da história por representar o mundo na concepção de seus autores, mesmo que na verdade, a terra seja bem diferente disso.

- Mas foi na Grécia que surgiram as primeiras tentativas de se estabelecer métodos para a confecção destes mapas. Por volta de 500 a.C. Hecateu de Mileto produziu um livro onde representava a terra como um disco com a Grécia no centro que foi considerada o primeiro livro de geografia da história. E, mais tarde, Claudius Ptolomeu, que viveu entre 90 e 168 d.C., publicou um tratado sobre geografia composto por oito volumes e que entraria para história por conter uma nova representação do mundo com regras para representá-lo na forma esférica, bem mais próximo dos utilizados atualmente.

- Mais foi só a partir do século XII que, através do relato de viajantes e navegadores, iniciou-se a produção de mapas que incluíam regiões maiores do globo. Embora com muitos erros e exageros por parte dos relatores.

- O período das “Grandes Navegações” (século XV) foi uma época de grande produção de mapas e cartas. Mas era comum encontrar representados nessas cartas, além das regiões a navegar, figuras mitológicas e monstros marinhos.

- Foi, também, no século XV que Gerard Mercator desenvolveu um método para representar as características de um objeto curvo (a terra) em uma superfície plana. Depois, a partir do século XVIII e da invenção de telescópios a cartografia começou a se desenvolver, mas, só atingiria seu auge nas décadas de 1970 e 1980 com o surgimento de bancos de dados digitais sobre o tamanho, as formas da terra e o seu estudo, a geodésia.

- Mas, não podemos deixar de lado, descobertas e idéias de outros pensadores, cientistas e inventores que ajudaram no desenvolvimento dos conceitos ligados a cartografia, como, por exemplo, Copérnico que revolucionou a concepção do universo ao confrontar o geocentrismo aristotélico com sua teoria heliocêntrica. Erastótenes que foi o primeiro a calcular o raio da terra em 240 a.C. Alexander Von Humboldt que foi o primeiro a usar isotermas (curvas que unem os pontos, em um plano cartográfico, que representam as mesmas temperaturas na unidade de tempo considerada) para representar regiões de mesma temperatura, a empregar o conceito de “meio ambiente geográfico” ao afirmar que as características da fauna e da flora dependem das condições climáticas, relevo e latitude do local. Também foi ele quem demonstrou pela primeira vez a variação da intensidade magnética dos pólos ao equador situando o equador magnético no Peru, além de muitas outras descobertas relacionadas ao estudo da terra, do vulcanismo e das correntes marítimas. E, também, Fernão de Magalhães, navegador português a serviço da Espanha e que foi o primeiro a circunavegar o globo, além de muitos outros estudiosos que contribuíram para a consolidação da cartografia.


O QUE É CARTOGRAFIA


- A Cartografia possui fundamental importância em nos auxiliar a ler e a melhor compreender o mundo e suas dinâmicas espaciais.
A cartografia é uma importante ferramenta para a compreensão do espaço geográfico
A cartografia é uma importante ferramenta para a compreensão do espaço geográfico

- A Cartografia é a área do conhecimento que se preocupa em produzir, analisar e interpretar as diversas formas de se representar a superfície, como os mapas, as plantas, os croquis e outras composições. Ela é abordada tanto como uma ciência como uma expressão de arte, uma vez que também permite a produção de imagens e construções culturais sobre os espaços por ela representados.

- Em algumas definições, a cartografia também é entendida como sendo o conjunto de técnicas resultantes da observação direta ou indireta (através do uso de imagens ou aparelhos) para documentar, retratar e representar os espaços natural e geográfico para a produção de cartas, mapas, plantas, maquetes e outros documentos.

- Além disso, existem proposições que não consideram a cartografia nem como arte e muito menos como ciência, mas sim como método acadêmico-científico, uma vez que os mapas seriam apenas os meios ou instrumentos para a compreensão da realidade e não uma finalidade em si mesma.

- Diferenças conceituais à parte, a produção de mapas e desenhos para a representação do espaço é muito antiga. O mapa mais antigo que se tem notícia data de 2.500a.C., confeccionado na Babilônia sobre uma placa de argila para representar a localização de um rio que, segundo especialistas, trata-se do Eufrates.

- De lá pra cá, muita coisa mudou, a tecnologia transformou as ciências e as sociedades e a Cartografia moderna se constituiu com o aprimoramento na medição e relação entre distâncias e medidas. Ao longo do século XVI, a produção de mapa conheceu um de seus maiores saltos qualitativos, quando a demanda por cartas náuticas se elevou em função das expansões ultramarinas europeias, muito recorrentes em uma época que ficou conhecida como o período das Grandes Navegações.

- Tempos depois, os avanços tecnológicos relacionados às três revoluções industriais permitiram um aprimoramento das técnicas cartográficas, sobretudo na produção de imagens a partir de fotografias aéreas, procedimento denominado aerofotogrametria. O desenvolvimento dos satélites e do Geoprocessamento foram (e ainda são) fundamentais para o aperfeiçoamento dos mapas e a função de representar o espaço geográfico.

- Na presente seção, abordaremos alguns temas referentes ao tema em tela, sobretudo aqueles que dizem respeito ao entendimento dos mapas, haja vista que a sua correta leitura se faz necessária tanto para a Geografia quanto para outras ciências, como a História. Esperamos, com isso, oportunizar um aprendizado sobre temas como os tipos de mapas, os elementos cartográficos, a noção de escala, as representações cartográficas e muitos outros.


PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS


- As projeções cartográficas são a base para construção de um mapa, para isso existem diversas formas de projeção.
Projeção Senoidal

-Para a prática da ciência cartográfica é de fundamental importância a utilização de recursos técnicos, e o principal deles é a projeção cartográfica. A projeção cartográfica é definida como um traçado sistemático de linhas numa superfície plana, destinado à representação de paralelos de latitude e meridianos de longitude da Terra ou de parte dela, sendo a base para a construção dos mapas.

- A representação da superfície terrestre em mapas, nunca será isenta de distorções. Nesse sentido, as projeções cartográficas são desenvolvidas para minimizarem as imperfeições dos mapas e proporcionarem maior rigor científico à cartografia.

- No entanto, nenhuma das projeções evitará a totalidade das deformações, elas irão valorizar alguns aspectos da superfície representada e fazer com que essas distorções sejam conhecidas. Entre as principais projeções cartográficas estão:

- Projeção Cilíndrica: o plano da projeção é um cilindro envolvendo a esfera terrestre. Depois de realizada a projeção dos paralelos e meridianos do globo para o cilindro, este é aberto ao longo de um meridiano, tornando-se um plano sobre o qual será desenhado o mapa.
Projeção Cilíndrica

- Projeção Cônica: a superfície terrestre é representada sobre um cone imaginário envolvendo a esfera terrestre. Os paralelos formam círculos concêntricos e os meridianos são linhas retas convergentes para os polos. Nessa projeção, as distorções aumentam conforme se afasta do paralelo de contato com o cone. A projeção cônica é muito utilizada para representar partes da superfície terrestre.
Projeção Cônica

- Projeção Plana ou Azimutal: a superfície terrestre é representada sobre um plano tangente à esfera terrestre. Os paralelos são círculos concêntricos e os meridianos, retos que se irradiam do polo. As deformações aumentam com o distanciamento do ponto de tangência. É utilizada principalmente, para representar as regiões polares e na localização de países na posição central.
Projeção Plana ou Azimutal

- Projeção Senoidal: executada por Mercator, Sanson e Flamsteed, tem os paralelos horizontais e equidistantes. Trata-se de um tipo de projeção que procura manter as dimensões superficiais reais, deformando a fisionomia. Esta deformação intensifica-se na periferia do mapa.

- Projeção de Mercator ou Projeção Cilíndrica Conforme: conserva a forma dos continentes, direções e os ângulos verdadeiros. Muito utilizada para navegação marítima e aeronáutica.

- Projeção de Peters ou Projeção Cilíndrica Equivalente: não mantém as formas, direções e ângulos, conserva a proporcionalidade das áreas, preservando as superfícies representadas.

- Projeção de Hölzel: Apresenta contorno em elipse, proporcionando uma ideia aproximada da forma esférica da Terra com achatamento dos polos.

- Projeção Azimutal Equidistante Polar: O polo norte é o centro do mapa, e a partir dele as distâncias estão em escala verdadeira, bem como os ângulos azimutais.

- Projeção de Robinson: é uma representação global da Terra. Os meridianos são linhas curvas (elipses) e os paralelos são linhas retas.


PROJEÇÃO DE MERCATOR


- A Projeção de Mercator foi a primeira representação cartográfica que abrangeu todo o globo terrestre, sendo elaborada na era moderna das ciências.
Gerhard Mercator, o “pai” das projeções cartográficas na ciência moderna

- A Projeção de Mercator é uma projeção cartográfica cilíndrica elaborada pelo geógrafo, cartógrafo e matemático Gerhard Mercator (1512-1594). É, atualmente, uma das projeções mais utilizadas em todo o mundo.

- Mercator nasceu na região de Flandres (atual Bélgica) e foi considerado um dos mais renomados cartógrafos da história, sendo o responsável pela elaboração da concepção do termo “Atlas” como um conjunto de mapas. Foi considerado, por muitos, como o pai da Cartografia Moderna e boa parte de suas obras e trabalhos foi inspirada nos escritos antigos de Ptolomeu, um dos mais clássicos nomes da Geografia e das representações gráficas na Antiguidade.

- A sua famosa projeção cartográfica – primeiramente denominada como Nova et aucta orbis terrae descriptio ad usum navigantium emendate accommodata – teve o mérito principal de ser a primeira projeção de mundo elaborada na Era Moderna, ou seja, com a expansão marítima europeia e a descoberta de novos continentes, foi a Projeção de Mercator quem primeiro conseguiu representar o globo esférico da Terra em um plano.
Projeção de Mercator em uma reelaboração gráfica realizada em 1860

- A projeção de Mercator é do tipo conforme, isto é, conserva o formato dos continentes, mas altera a dimensão de suas áreas. Ela divide o planeta em 24 meridianos e 12 paralelos (os mesmos elaborados para estabelecer os fusos horários), igualmente espaçados e distribuídos sobre a camada terrestre.

- Como a Terra é esférica, a distância mais curta a ser percorrida sobre a sua superfície não é uma reta, mas uma curva, que recebe o nome de loxodrômica. O principal mérito da projeção de Mercator foi a sua capacidade de representar uma loxodrômica cartograficamente como uma reta. Por esse motivo, sua obra é amplamente utilizada para a navegação até os dias atuais.

- Assim como toda e qualquer projeção que objetive representar em um plano a esfera terrestre, a carta de Mercator apresenta algumas distorções. Como já dissemos, essas distorções ocorrem no tamanho das áreas dos continentes, de forma que elas se tornam mais evidentes à medida que nos aproximamos dos polos. Observe a projeção abaixo:
Projeção de Mercator atualmente utilizada

- É possível notar, por exemplo, que a Groelândia, no mapa, está basicamente do mesmo tamanho do Brasil, sendo que, na verdade, sua área é 4 vezes menor. A Europa, por sua vez, também possui um tamanho exagerado, enquanto a África torna-se bastante reduzida. Por esse motivo, o seu uso só é recomendado em cartas náuticas ou para representações que possuam uma escala muito grande (áreas muito pequenas).

- Uma crítica que essa projeção recebe é o fato de ela possuir um caráter eurocêntrico. Se considerarmos o contexto histórico-geográfico no qual ela foi elaborada, podemos compreender melhor essa questão. Afinal, sua elaboração aconteceu em um momento em que as expansões marítimas europeias estavam em seu clímax, de modo que as regiões do sul do planeta não eram consideradas “importantes”, podendo ter suas áreas distorcidas sem problemas.



PROJEÇÃO DE PETERS


- A Projeção de Peters, também conhecida como Gall-Peters, é bastante conhecida pelo seu caráter político.
Historiador e Cartógrafo Arno Peters (1916-2002)*

- A Projeção de Peters é uma projeção cartográfica cilíndrica equivalente, ou seja, que mantém a proporção das áreas representadas, mas altera as suas formas. Ela é, muitas vezes, denominada de Projeção Gall-Peters, uma vez que teria sido concebida pela primeira vez por James Gall, em 1885, e retomada na segunda metade do século XX pelo historiador alemão Arno Peters.
Projeção de Peters ou Gall-Peters **

- Há certa polêmica em torno dessa projeção, uma vez que, além de proposições técnicas, ela também apresenta um cunho político, por ampliar as áreas dos países do sul, cuja maioria dos países é subdesenvolvida, e diminuir as áreas dos países do norte, de maioria desenvolvida. Além disso, nesse planisfério, a África é colocada no centro do mapa, ao contrário da projeção de Mercator, em que a Europa encontrava-se no centro. Frequentemente, essa projeção é alcunhada de “terceiro-mundista”.

- No entanto, sua proposta não foi bem recebida pelos cartógrafos de sua época, que elaboraram três críticas principais. A primeira referia-se à falta de cientificidade de sua obra, que abdicava de detalhes técnicos em detrimento de opções políticas; a principal “falha” seria um erro na posição do paralelo 46º 2’ que deveria estar na posição de 45º. A segunda crítica era referente às distorções de sua projeção equivalente, que deixava os continentes mais “finos” no Equador e mais “largos” nos polos, dificultando a localização e o deslocamento. A terceira e mais séria crítica referia-se ao fato de Peters ter supostamente plagiado a verdadeira obra de James Gall, pouco ou nada alterando as suas concepções originais.

- Controvérsias à parte, a obra de Peters foi largamente divulgada e difundida em todo mundo, principalmente depois da divulgação de seu atlas, em 1992. Além disso, organizações como a ONU e a UNESCO fizeram amplo uso de seu planisfério, a fim de sensibilizar as populações e os países desenvolvidos acerca das questões dos países subdesenvolvidos, como a fome, a violência e a exclusão social.

- As polêmicas e discussões envolvendo projeções cartográficas como a de Peters e a de Mercator são a evidência de que não há uma projeção mais “correta” do que as demais. Cada uma atende a uma finalidade diferente, cabendo ao seu usuário determinar qual é a mais adequada.

ACESSO AOS SLIDES DA AULA


Slide 01 - Desenhando o Mundo: CLIQUE AQUÍ

Slide 02 - Projeções de Mercator e de Peters: CLIQUE AQUÍ


FONTES:

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