1- A vida nas cidades.
O Brasil do século XIX, basicamente rural, começava a ingressar em uma nova fase, onde uma de suas grandes características era a convivência entre a estrutura escravista e as primeiras praticas capitalistas. Com a proibição do trafico de escravos em 1850, recursos que até então eram empregados na compra de africanos passou a ser investido em outras atividades econômicas, principalmente no comercio e no setor de transporte.
Desde a chegada da família real ao Rio de Janeiro a cidade sofria grandes mudanças, mudanças essas que se intensificaram com a brisa do "progresso" que era absorvida pela cidade. As ruas cariocas eram precariamente pavimentadas. Mas na segunda metade do século XIX , com a chegada dos Bondes, ocorreu uma verdadeira revolução no transporte. Novas linhas de bondes desempenharam um papel fundamental no processo de alargamento do espaço urbano da cidade. As companhias de bonde permitiram que os perímetros urbanos fossem aumentados, ultrapassando os limites da cidade velha e da cidade nova.
Com o inicio das mudanças urbanas no Rio de Janeiro, a elite carioca começava a freqüentar a Rua do Ouvidor, onde estavam situadas as lojas que exibiam as novidades da moda européia. Os trajes masculinos imitavam o estilo inglês, enquanto os femininos se inspiravam na moda francesa. Esse costume se espalhou por todo o país, já que a capital do reino servia como modelo para as outras cidades. Na Rua do Ouvidor, além das lojas de roupas finas, também havia lojas de perfumes caros com flagrâncias agradáveis. Mas não eram suficientemente fortes para eliminar odores fétidos provenientes das outras ruas da cidade.
Para conter surto de doenças, como febre amarela, cólera e varíola, tomaram-se as primeiras medidas para o saneamento da cidade, que previam a intervenção no espaço urbano. Tratava-se de criar uma comissão e traçar um plano de reformas integrado, compreendendo a abertura e o alargamento de diversas ruas e praças, visando com isso facilitar a circulação, a melhoria das condições de higiene e o embelezamento da cidade. Ao se tornar publico, o plano recebeu diversas criticas através de artigos do Jornal do Comercio. Esse jornal defendia que as reformas deveriam se concentrar inicialmente na região mais carente da cidade, na qual a população mais pobre se encontrava aglomerada em ruas pequenas, residindo em casas mal arejadas; e não no perímetro então privilegiado pela comissão, sendo esse, não desinteressadamente, o perímetro em que a família real residia.
As doenças que proliferavam, principalmente no verão, ocorriam de forma mais grave principalmente em virtude da ausência de condições de higiene e da constante falta de água devido a precariedade do abastecimento local, que era efetuado por escravos encarregados de levar água a seus senhores, e pela pratica usual de recolher água da chuva em cisterna, pratica essa que favorecia a proliferação dos mosquitos transmissores da febre amarela. Iniciou-se um sistema de encanamento que captava água dos rios próximos para atender a residência dos mais prósperos. As áreas mais pobres da cidade continuaram enfrentando as antigas dificuldades. O dito "progresso” , como de praxe, continuava a beneficiar apenas uma pequena parcela da população.
Se no Rio de Janeiro essas mudanças ocorreram a partir de 1850, nas demais cidades do império essas mudanças demoraram mais para chegar e foram muito pequenas. Na cidade de São Paulo, além dos problemas com saneamento e higiene, os paulistanos também enfrentavam grandes problemas com os altos índices de crimes.
Apesar de algumas melhorias, as cidades brasileiras no final do império ainda possuíam ruas estreitas e sujas, com sobrados que demonstravam a permanência de tradições coloniais. As medidas de reforma urbana n o Rio de Janeiro só foram executadas no inicio da republica, mas atendiam somente os setores mais favorecidos da sociedade enquanto os setores mais humildes da cidade permaneciam alheios a esse progresso tão proclamado pelos burgueses.
Assim a sociedade carioca (e brasileira) se fragmentava cada vez mais, aumentando o contraste entre as classes sociais e distanciando o pais real do pais ideal.
2- Sobrados, mocambos e cortiços.
As moradias brasileiras pelo menos até 1850 eram pouco atrativas, tanto casa de ricos quanto de pobres eram insalubres, quentes, úmidas e mal construídas.Conforme ocorria um lento processo de urbanização as casas dos mais abastados foram se tornando mais suntuosas, ampliando-se verticalmente. Sobrados de três andares começaram a aparecer e em lugares como Recife chegavam a ter seis andares.
Os sobrados foram adquirindo características européias, sendo alguns transformados em verdadeiros palácios. A decoração possuía forte influencia francesa, especialmente nas residências da corte. Também foi introduzida a essas casas a varanda, dando assim mais espaço para as mulheres que ainda eram submetidas aos mandos e desmando de seus homens e viviam um bom tempo do dia prezas a sua residência.
Um objeto que servia para ilustra um status social de um individuo era o piano. Quando um piano era adquirido por algum nobre ou senhor, em alguns casos, era digno de uma reportagem ou uma citação nos jornais locais.
Enquanto as elites possuíam sobradas luxuosas as camadas populares habitavam acomodações de pequenas dimensões, baixas, ao nível do solo e com poucas janelas. Muitas vezes eram construídas próximo de mangues e alagadiços e eram freqüentemente invadidas pela lama. Provavelmente essas habitações foram os primeiros mocambos do Brasil. Esse tipo de habitação favorecia a proliferação de doenças e infecções em virtude das péssimas condições de higiene.
Conforme a urbanização aumentava começaram a surgir os cortiços, preferidos aos mocambos, principalmente pelos trabalhadores de origem européia. Esses cortiços se tornaram um perigo para a saúde publica, pois transmitia moléstias de maior e menor gravidade.
3- Salões, teatros e café.
Eram nos salões que a boa sociedade reunia-se para conversarem, ouvir uma boa musica e dançar. Os principais salões estavam localizados principalmente na corte, embora também houvesse alguns grandes salões nas províncias, como por exemplo, em Salvador.
Um dos grandes acontecimentos na história social do Recôncavo Baiano do século XIX foi a visita da família real, em 1860, onde um grande baile foi oferecido as suas majestades. A riqueza da cidade foi colocada à disposição dos organizadores da recepção, fazendo desse baile um acontecimento de grandes proporções vindo a ser comentado em jornais da época e comentado em memórias posteriores.
Recife não era só uma cidade de senhores do engenho mais também de muitos comerciantes, banqueiros e negociantes. Era uma cidade onde sua elite cultivava um gosto que mesclava opulência e luxo e isso refletia em seus centros sociais. A vida social do Recife era conhecida por seus saraus de piano e danças, chás e jantares onde destacavam as grandes damas da sociedade.
A São Paulo da época era descrita como "modesta, provinciana, sem animação". Não havia muitos bailes na cidade. Das poucas que ocorriam uma das mais conhecidas era a da marquesa de Santos.
A elite brasileira tinha um gosto por festas, principalmente entre os meses de maio e setembro, quando o calor era mais ameno.
Os salões eram o grande centro de reuniões da elite carioca. Os locais de maior destaque eram os mantidos por políticos.
Ao mesmo tempo em que grandes bailes, como marques do Abrante, eram realizados, ocorriam festejos populares nas ruas vizinhas. Era comum que membros das camadas mais pobres ficarem a porta dos grandes bailes para observarem a entrada e saída dos nobres, ilustres e bem vestidos convidados.
Nesses bailes tinha-se por costume que mulheres conversassem sobre moda e
homens de política. Aliás, os salões eram de forte cunho político, local onde se estabeleciam alianças e se constituíam diversas relações de poder.
Para os menos abastados ou para os que não tinham acesso a esses salões restavam outras atividades como os teatros, as confeitarias ou os passeios pela Rua do Ouvidor.
Existia na sociedade carioca locais onde se cultivava a boa musica. Esses espaços eram sociedades e clubes como os: Filarmônica, Campesina, Clube Mozart e Clube Beethoven. Ainda é digno de citação o Cassino Fluminense, famoso por seus grandes bailes e festas, muitas vezes honradas com a presença dos soberanos.
No inicio da década de 1860 surgiram estabelecimentos que ofereciam serviços sexuais, como o "Alcazar Francês", por exemplo. As áreas de prostituição eram divididas em "alto meretrício", como o da Rua do Ouvidor; e de "baixo meretrício", como o da Rua da Misericórdia.
Os bailes eram tão marcantes na vida da "boa sociedade" da corte do Brasil do século XIX, que essa sociedade imperial terminou seus dias com um grande (talvez o maior de todos) baile realizado na Ilha Fiscal, ocorrido com um mês de antecedência ao termino do império brasileiro. Com essa festa os grandes promotores imperiais buscavam discutir, ao som de valsas, meios para a efetivação de um Terceiro Reinado.
Ao mesmo tempo em que ocorria o baile na Ilha Fiscal, militares republicanos se encontravam em seus clubes discutindo os preparativos para a realização do golpe militar, que culminaria no fim do Império do Brasil e na Proclamação da Republica.
Bibliografia:
NEVES, Lucia M. B. P. das & MACHADO, Humberto F. O Império Do Brasil.Rio de Janeiro, Nova Fronteira,1999
Um comentário:
EU QUERIA SABER SE E POSSÍVEL SABER NO TEMPO DO IMPÉRIO QUANTOS Palácio HAVIA NO BRASIL E NO RIO DE JANEIRO E EM PORTUGAL TB. SABE POR QUE EU VEJO TANDOS PALÁCIO EUROPEU AI EU QUERIA SABE DOS NOSSOS SEI QUE MUITOS E ARÃO DEMOLIDOS PELA REPUBLICA MAIS E O QUE SOBROU DELES SE E QUE SOBROU QUERIA MUITO VER VER SE TEM ALGUMA IMAGEM DELES.. POR FAVOR OBRIGADO !
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