quinta-feira, 8 de maio de 2014

(HISTÓRIA) CRISES E DECLÍNIO DA IDADE MÉDIA ENTRE OS SECULOS XIV-XV: A GRANDE FOME, A PESTE NEGRA E AS REVOLTAS RURAIS E URBANAS.

Calcula-se que até o ano de 1390 a peste negra tinha vitimado entre 20 e 25 milhões de pessoas na Europa,o que equivale a um terço da população europeia da época.
     Ao crescimento em termos econômicos e demográficos que a Europa sentira após o ano mil, seguiu-se um violento abalo desta estrutura a partir de finais do século XIII que só findaria no século XV. Trata-se de um período marcante, pois significa o advento do Renascimento e o aparecimento do Estado moderno. A fisionomia da Europa modifica-se em consequência das fomes, pestes e guerras que agitaram os poderes tradicionais e fizeram emergir novas formas de poder no Velho Continente, enquanto se perdia o último vestígio da Antiguidade com a queda do Império Romano do Oriente (1453, tomada de Constantinopla pelos turcos). 




A GRANDE FOME


- A crise começou a sentir-se no mundo rural, onde as crises de subsistência se tornaram comuns. 
- Tal facto deveu-se a sucessivas alterações climáticas as quais diminuíram drasticamente a produção de alimentos numa Europa sob forte pressão demográfica devido ao surto de progresso após o ano mil. 
- Como não era possível recorrer a importações nem era grande o número de excedentes, a fome foi uma consequência imediata e depois única, tendo sido particularmente grave durante o período de 1315 a 1317. 
- Além das vítimas mortais, a carestia trouxe também o enfraquecimento das defesas do organismo, facilitando a disseminação das doenças. 
- A peste encontrou um campo fértil para também se propagar: a fome. 
- Entre 1315 e 1317,a produção agrícola,que já era insuficiente,ficou ainda mais distante das necessidades alimentares da população.
- O esgotamento do solo, as violentas chuvas que castigaram a Europa em 1314 e 1315 e o clima mais frio foram as principais razões das más colheitas. A epidemia encontrou a população desnutrida,com o sistema de defesa do organismo fragilizado contra doenças.
- As más colheitas fizeram aumentar o preço dos cereais, principalmente do trigo, e o banditismo cresceu.
- A população urbana sofria com o desabastecimento e alguns banqueiros faliram. 
- Os senhores feudais passaram a explorar mais intensamente os camponeses.
- A crise atingiu todas as camadas sociais.



A PESTE NEGRA




A origem da epidemia

- Durante a Idade Média houve várias enfermidades, como a tuberculose e a disenteria, que provocam muitas mortes.
- Mas nenhuma teve tanto impacto como a Peste negra. 
A peste bubônica, conhecida como Peste Negra é uma doença causada por uma bactéria que é transmitida ao ser humano por meio de pulgas contaminadas que se alojam nos ratos.
- Chegou à Europa em 1347.
- A peste que tempos antes assolara a Ásia chegava por via da rota da seda e atacava os comerciantes italianos. 
- Inicialmente se acreditava que a peste negra teria se originado na China,no início do século XIV. Acompanhado as rotas terrestres utilizadas para o comércio,como a famosa Rota da seda,a peste teria se disseminado da Ásia Central até o Império Bizantino,atingindo a capital Constantinopla.
- Hoje se defende que a epidemia teria surgido na Ásia Central e entrado na Europa através das rotas de caravanas.


A propagação da peste negra 

- Do porto de Constantinopla, os navios que transportavam mercadorias para a Europa levaram também muitos ratos, cujas pulgas estavam contaminadas pela doença. 
- Foi essa uma das vias pelas quais a peste negra alcançou os portos europeus, entre 1348 e 1352.
- Devido às más condições de higiene na época,os ratos infestavam as casas, onde as pulgas picavam seres humanos e animais.
- Na mentalidade religiosa da época, as doenças eram vistas como castigo divinos. Por exemplo,acredita-se que a lepra fosse um castigo que Deus impunha ao pecador.A aparência da pessoa era uma evidência dos seus pecados.
- Estima-se que terá morrido cerca de um quarto ou um terço da população europeia. 
- Esta doença, diferentemente da fome, a todos atingiu, sem distinção de condição social. 
- Em consequência assistiu-se a uma desorganização das estruturas urbanas e à desorganização do poder político e religioso. 



As consequências da peste negra

- Diante do avanço da peste,as pessoas procuravam se isolar, as cidades evitavam a entrada de estranhos, especialmente oriundos das zonas mais afetadas.
- Testemunhos da época, por outro lado, relatam atitudes de solidariedade. Por exemplo, pessoas se ofereciam para cuidar dos doentes ou para enterrar os mortos, mesmo sabendo do risco que corriam.
- A peste negra provocou a destruição de comunidades inteiras e um grave desequilíbrio social e econômico.
- Calcula-se que até o ano de 1390 a peste tinha vitimado entre 20 e 25 milhões de pessoas na Europa,o que equivale a um terço da população europeia da época.
- A principal consequência dessa tragédia foi a redução ainda maior da atividade econômica e o desabastecimento,tanto no campo quanto na cidade, promovendo mais miséria.
- Mesmo depois de a epidemia abrandar, milhares de europeus continuaram morrendo,atingidos principalmente pela fome.

Documentário: A Peste Negra


REVOLTAS RURAIS E URBANAS


- Paralelamente, a Europa era flagelada por várias guerras. 
- Um dos motivos de guerra era a posse dos grandes espaços políticos e econômicos, o que está na origem da Guerra dos Cem Anos (1337-1453) hegemonia na Europa do Noroeste;
da guerra entre italianos e aragoneses pela posse do Mediterrâneo ocidental; e dos conflitos pelo domínio do Báltico,entre a Hansa e os reinos escandinavos da Suécia ou Dinamarca. 
- Por outro lado, dentro de cada uma destas forças verificavam-se quer elas pelo poder que se traduziam em guerras civis como a Guerra das Duas Rosas (1455-1485) na Inglaterra, ou os confrontos entre os reinos ibéricos e mesmo entre as cidades italianas entre Guelfos e Gibelinos. 
- O terceiro foco bélico era a guerra da cristandade contra os Turcos, que avançavam em força sobre a Europa,conseguindo por fim conquistar Constantinopla em 1453, concretizando-se um velho sonho islâmico de posse daquela cidade cristã. 
- Como consequência deste quadro convulsivo dão-se crises sociais, primeiro provocadas pelo mal-estar dos camponeses famintos e descontentes com a situação provocada pela baixa dos preços dos cereais e da terra, que significava um abaixamento do consumo e também da mão de obra disponível. 
- O seu desagrado degenerou em revoltas como a dos flamengos em 1302, a dos jacques, liderada por Etienne Marcel, de 1356 a 1358, a dos ciompi em 1378, em Florença, ou a dos peasants ingleses, em 1381, liderada por Wat Tyler (jaquerie). 
- Os motins urbanos também foram bastante violentos, expressando o descontentamento dos mais pobres face ao aproveitamento das elites burguesas. 
- A par destas revoltas sociais foi sentido um desconforto religioso notório no Cisma do Ocidente (1378-1415), que dividiu a cristandade e significou a perda de força por parte do papado. 

- Em termos econômicos, a crise traduziu-se numa desertificação progressiva dos campos, combatida das mais diferentes formas: 
  • na Europa de Leste, reforçou-se a servidão; 
  • no Sul, optou-se pela criação de grandes domínios vocacionados para a pastorícia e transumância (como Mesta em Castela); 
  • na Inglaterra iniciam-se as enclousures. Este empobrecimento fatal do campo veio dar definitivamente poder às cidades, que se haviam destacado pela sua resistência e organização face às adversidades, valorizando-se pelo fluxo de populações campesinas e pela proteção dos príncipes, o que fez dos séculos XI e XII o tempo do "renascimento" das cidades). 


- A par do mundo rural, também as estruturas comerciais e artesanais sofreram rudes golpes.
  • O comércio no Mediterrâneo decaiu com o avanço dos Turcos; 
  • a Guerra dos Cem Anos antecipou o declínio das feiras de Champagne, grande ponte de contacto terrestre entre o Norte e o Sul da Europa; 
  • as manufaturas têxteis flamengas foram suplantadas pelas inglesas ou italianas. 
  • Os novos eixos de comércio eram agora dominados pela Hansa alemã (ou liga Hanseática), desenvolvendo-se as feiras e mercados financeiros do Norte da Europa, agrupando-se, em torno dessa associação comercial, os mercados eslavos e os têxteis ingleses. 
  • O mercado estava agora nas mãos de alemães e italianos, de onde provinham sedas, fustões (tecidos de lã), minérios, com o apoio de uma poderosa indústria naval.
  •  Entretanto,portugueses e castelhanos lançavam-se nos descobrimentos em busca de alternativas ao ouro e especiarias em mãos muçulmanas, iniciando-se de forma decisiva uma nova era na vida do continente europeu.


FONTE:

- PROJETO ARARIBÁ-EDITORA MODERNA-TERCEIRA EDIÇÃO-SÉTIMO ANO

- Fome, Peste e Guerra: Triste Trilogia entre os Séculos XIV-XV. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-05-08]. Disponível na www: .. 

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