sexta-feira, 4 de setembro de 2015

[História] DREI BRASILIANISCHE HELDEN - OS TRÊS HERÓIS BRASILEIROS NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Quem adentra nos dias de hoje as instalações do 11.º Batalhão de Infantaria de Montanha, o  "Regimento de São João" e observa, atentamente, o pátio de formatura, encontrará no seu lado esquerdo, um monumento composto de 4 pedras, adormecidas sobre um belo e bem cuidado jardim, onde, ao seu lado, está um fuzil fincado ao solo com um capacete de aço, símbolo da morte que aconteceu em combate. O mais atento observará, ainda, que, nas três pedras frontais, em cada uma delas, está colocada uma placa com o nome de três soldados: ARLINDO LÚCIO DA SILVA, GERALDO RODRIGUES DE SOUZA e GERALDO BAÊTA DA CRUZ.
        Mas afinal, quem são eles? Porque mereceram tão grandiosa homenagem? O que fizeram para que seus nomes fossem eternizados?.



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Quem curte metal provavelmente já sabe dessa notícia, mas não custa nada divulgar por aqui também. Afinal, é parte importante (e infelizmente negligenciada) da história do Brasil.
O sétimo e mais recente álbum da banda sueca de Power Metal, Sabaton, explora várias histórias da Segunda Guerra Mundial, entre elas, a resistência de três heróis brasileiros, como ficaram conhecidos os soldados que combateram até morte uma infantaria alemã em Montese, Itália. A faixa em questão é “Smoking Snakes”, terceira faixa do disco que possui até um trecho em português. A homenagem é destaque em um site dedicado a Defesa Aérea Naval brasileira e traz mais detalhes do combate que ficou marcado até mesmo na memória da Infantaria Alemã.


De acordo com os registros, os três pracinhas (Geraldo Baêta da Cruz, 28 anos, natural de Entre Rios de Minas, Arlindo Lúcio da Silva, de 25, de São João del Rey, e Geraldo Rodrigues de Souza, de 26, de Rio Preto, na Zona da Mata) integravam uma patrulha do 11º RI de São João del Rey que teve como missão principal o combate em montanhas com densos campos minados e sob o fogo cerrado das metralhadoras alemãs. Em Montense, a tenacidade, o ardor combativo e as qualidades morais e profissionais dos brasileiros foram demonstradas em seu raro espírito ofensivo, sob o fogo cerrado alemão, transpondo caminhos desenfiados, neutralizando campos minados, assegurando e posteriormente, para a Divisão Brasileira, a posse definitiva dessa importante posição alemã dentro do contexto da Guerra. Em uma dessas incursões, os pracinhas mineiros se viram frente a frente com uma companhia alemã composta de aproximadamente 100 homens. Era 14 de abril de 1945. Eles receberam ordens para se render, mas continuaram em combate matando mais de 45 nazistas até ficarem sem munição e serem mortos.
Isso mesmo: 3 caras contra 100. Enquanto os cineastas do Brasil fazem filme de Olga Benário, Marigella, Lula e outros, temos esse verdadeiro “3 do Brasil” (parodiando os “300 de Esparta”) dando sopa e nada dos caras aproveitarem pra fazer filme! (Na verdade dizem que foi feito um média metragem sobre a história dos 3. Mas você já ouviu falar nele? Pois é…)


Enquanto isso, por muito menos americano faz até seriado homenageando seus veteranos. Uma pena que no Brasil os VERDADEIROS heróis não são valorizados.
Outra coisa interessante, em vez da vala comum, os 3 mereceram as honras especiais do Exército alemão. Admirado com a coragem e resistência do trio, o comandante nazista mandou enterrá-los e colocar, sobre a cova, uma cruz e placa com a inscrição: “Drei Brasilianische Helden” ou “Três Heróis Brasileiros”.

Segue o vídeo para quem deseja ver o clipe da música:

Quem quer conhecer melhor a história dos três recomendo acessar este site. Mas gostaria de destacar este trecho do artigo, que fala da ação dos 3:

Durante o ataque a Montese, o pelotão, ao qual faziam parte ARLINDO, GERALDO e BAÊTA, foi detido por violenta barragem de morteiros inimigos, enquanto uma metralhadora alemã hostilizava violentamente o seu flanco esquerdo, obrigando os atacantes a se manterem colados ao solo. Não tendo mais possibilidades de sair do local, nossos três heróis ficaram desgarrados de sua fração. Mas não temeram! Imediatamente, o Soldado ARLINDO, atirador de fuzil automático, localiza a resistência inimiga e num gesto de grande bravura, gesto esse de um menino acostumado a enfrentar as dificuldades da vida que levara até então, levanta-se, localiza a resistência inimiga e sobre ela despeja seis carregadores da sua arma, obrigando-a a calar-se.
Geraldo e Baêta não param de atirar. Eram três pracinhas contra uma tropa de grande número. Tropa essa que pensava estar enfrentando uma outra de efetivo igual ou superior ao seu, pois os intrépidos brasileiros não paravam de atirar. Atiraram até a munição acabar. ARLINDO é ferido mortalmente por um franco atirador inimigo, enquanto GERALDO é atingido por um cruel estilhaço e BAÊTA recebe um tiro certeiro…
De repente, o silêncio se fez presente…
E sobre o solo lá estavam três corpos empunhando seus fuzis… Fuzis que estavam com as baionetas caladas, demonstrando que nossos heróis partiram para o assalto, mesmo sabendo que iam encontrar a morte breve…Morte que os fez descansarem da vida difícil e dura que sempre tiveram lá no Brasil…
O comandante alemão, observando os três corpos já sem vida, reconheceu neles o sacrifício… Nunca vira tamanha demonstração de coragem! E, deixando seu orgulho prussiano de lado, mandou que seus homens cavassem três covas rasas e, pegando alguns pedaços de madeira, fez uma cruz e nela escreveu: ” DREI BRASILIANISCHE HELDEN “, que em português quer dizer: “TRÊS HERÓIS BRASILEIROS”.
Tá aí. Mas talvez você nunca lerá isso nos livros do MEC. No máximo vai ler que mandaram uns caras lá pra Itália em 1945, eles deram uns tirinhos por lá e fica por isso mesmo. Por outro lado, continuarão a ler nos livros do MEC muito Che Guevara é citada…
Para quem se interessa em história, segue uma recomendação de livro (que vou ver se compro quando o dinheiro permitir): BARBUDOS, SUJOS E FATIGADOS – SOLDADOS BRASILEIROS NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL de Cesar Campiani Maximiano



Drei Brasilianische Helden


FEB-logo
Após a mais cruel batalha enfrentada pelo Exército Brasileiro na Segunda Guerra Mundial, com a estreia da tropa no moderno combate urbano, rua por rua, casa por casa, na localidade de Vergato, próximo a Montese, Itália, os soldados brasileiros encontraram uma cruz rudimentar com esses dizeres.  Mais uma bela história de brasileiros que não é contada.
A Segunda Guerra Mundial, embora seja o evento histórico mais importante do século XX, é pouco estudada por aqui.  Se você teve um professor de história bom, ele gastou duas aulas falando do tema.  E se ateve a ensinar as causas do conflito, as fases da guerra e as consequências da guerra.  Talvez ele tenha dado uma palhinha também sobre a participação brasileira.  Mas duvido ter contado essa história.
Tom Jobim muitos anos depois iria dizer que no Brasil o sucesso alheio é ofensa pessoal.  Nosso comportamento como sociedade é o da inveja e o de fazer piada com quem tenta fazer alguma coisa.  O espírito do brasileiro comum infelizmente é conformista.  Por isso quando o Brasil entrou na guerra, embora de forma legítima, houve aqui muita resistência sobre se isto era algo para nos metermos e se seríamos capazes de nos meter nisso.  Mas não era nossa capacidade que estava em questão ali, era nossa existência como Nação, tínhamos sido atacados, era necessário revidar.  E assim fizemos.
Nossos soldados saíram daqui ouvindo uma chuva de piadas sobre eles.  A mais famosa foi “é mais fácil uma cobra fumar do que a FEB embarcar”.  Chegando na Itália, com tropas desnutridas, desarmadas e com uniforme verde-oliva, cor muito semelhante ao uniforme alemão, os italianos da já liberta cidade de Nápoles achavam se tratar de prisioneiros alemães, no que resultou em uma chuva de vaias e hostilidade por parte dos cidadãos italianos.
O Brasil era o único exército não oficialmente segregacionista do ponto de vista racial a lutar na guerra.  Entre as tropas estavam negros, japoneses e tudo o que a diversidade brasileira tinha a oferecer.  Os alemães espalharam que os negros brasileiros descendiam de tribos canibais africanas e que mantinham essa prática e, portanto os italianos poderiam se transformar no jantar dos brasileiros.  Um motivo a mais para a hostilidade da parte dos italianos.
Mas o maltrapilho soldado que vinha do morro, do engenho, dos pampas, dos seringais, da choupana onde um é pouco, dois é bom, três é demais, transformou-se na Itália em um guerreiro implacável e digno das maiores tradições militares de todo o mundo.  Aprendeu fazendo, aprendeu o combate moderno combatendo, a utilizar o armamento utilizando, a suportar o frio, a evitar as doenças causadas pelo inverno, e pelas montanhas e matas italianas tornou-se um adversário duríssimo, contra qual os alemães muito pouco puderam fazer.  E sobre as piadas que alguns de seus conterrâneos faziam deles, usaram dela para fazer seu símbolo.
O título deste post está em alemão e significa “três heróis brasileiros”.  Foi tudo o que o Exército viu naquela cruz.  Depois ficaram sabendo que se tratava dos soldados Arlindo Lúcio da Silva, Geraldo Rodrigues de Souza e Geraldo Baêta da Cruz.  Todos mineiros do interior.  Foram com a FEB para a Itália, enfrentaram o inverno aos pés do Monte Castelo, integravam o 11º Regimento de Infantaria, unidade escalada para o ataque a Montese.
Três Herois BR02
Em 14 de Abril de 1945, o pelotão desses três homens tentou avançar para a cidade, mas foi detido por forte barragem de artilharia.  As artilharias brasileira e alemã duelariam por todo aquele dia e o resultado se viu na devastação que Montese sofreu.  No seu flanco esquerdo, uma posição de metralhadora alemã varria impiedosamente o terreno.  Os três homens ficaram desgarrados do resto da unidade.  A metralhadora alemã mal permitia que se movessem, recuar era impossível, uma companhia alemã inteira estava prestes a se lançar contra eles, não sem antes dar-lhes a chance de se renderem.
A resposta veio pelo Soldado Arlindo que pegando seu fuzil automático encontrou a posição da metralhadora e disparou como um leão acuado, seis cargas de sua arma, em torno de 120 projéteis, calando a peça inimiga.  O Soldado Baêta, que era socorrista, pegou em armas e junto com o seu xará Geraldo Rodrigues dispararam contra os alemães.  Os Tedescos imaginavam ter se encontrado com efetivo em número semelhante ao deles (cerca de 100 homens) e lançaram-se ao combate.
A munição escasseava entre os brasileiros, em breve acabariam por fixar as baionetas nos fuzis e partir para um combate corpo a corpo contra os alemães.  Não deu tempo.  O Soldado Arlindo tombou vítima de tiro certeiro de um atirador de elite alemão.  Quase que ao mesmo tempo uma granada explode nas proximidades e um estilhaço fere de morte o soldado Geraldo Rodrigues.  Pouco tempo depois Baêta tomba, fuzilado.
Sabemos bem como os alemães respeitam seus adversários.  Ao verem que todo aquele ímpeto vinha de apenas três soldados, o comandante alemão não permitiu que os homens fossem sepultados em vala comum.   Mandou que os enterrassem, fizesse essa cruz e colocasse a inscrição:  “Três Heróis brasileiros.”
É uma história que não se conta, poucos sabem sobre ela, é preferível dizer que a FEB foi para a Itália com a guerra ganha e numa frente secundária.  É compreensível sabendo que isso vem de gente que admira a Costa Rica mais do que pelo sucesso de sua seleção na Copa, pelo fato de não terem Exército.
Enquanto poucos Brasileiros sabem sobre esses homens, é preciso uma banda sueca saber da história e prestar-lhes uma bela homenagem.  Para um álbum dedicado ao heroísmo em combate, a Banda Sabatton dedicou uma faixa aos “Smoking Snakes” que figuram num álbum que ainda fala dos paraquedistas da 101st Airborne cercados em Bastogne, das loucas tripulações de B17 que se aventuravam na Europa entre outros fantásticos que nos livraram do jugo nazista.
Três Herois BR01
Fontes:
SILVEIRA; Francisco Xavier da – A FEB por um Soldado;

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente artigo. Meus efusivos parabéns!!!

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