sábado, 10 de outubro de 2015

[Filosofia] FILOSOFIA E ARTE EXISTENCIALISTA

“É extraordinário o quanto podemos aprender sobre nós mesmos se olharmos para alguém com muita atenção, sem julgar” 
Os existencialistas não acreditam que os seres humanos possuem um caminho predefinido, mas sim, que este caminho é criado a partir da nossa caminhada existencial, por essa razão não podemos responder os porquês de tudo que acontece no mundo em que vivemos, justamente por não sabermos como racionalizar o mundo como percebemos. Neste ponto, inicia-se a angústia existencial justamente por não conseguirmos compreender e dar um sentido ao que acontece ao nosso redor, restando apenas a liberdade de existir.


FENOMENOLOGIA

O existencialismo foi fortemente influenciado pela fenomenologia. O fundador da fenomenologia, o filósofo alemão Edmund Husserl, introduziu este termo em seu livro “Ideias Para Uma Fenomenologia Pura e Para Uma Filosofia Fenomenológica” de 1913. Ele definiu a fenomenologia como o estudo das estruturas de consciência que possibilitam o conhecimento para se referir aos objetos para fora de si próprio. Somente as essências de certas estruturas conscientes particulares constituem o objeto. Este estudo requer reflexão sobre o conteúdo da mente para excluir todos os demais. Ele chamou esse tipo de reflexão de “redução fenomenológica”: Uma vez que a mente pode ser direcionada para o não-existente, tanto quanto com os objetos reais, Husserl advertiu que a reflexão fenomenológica não pressupõe que existe algo com caráter material; e sim equivale a colocar em parênteses a existência, isto é, deixando de lado a questão da existência real do objeto contemplado. Ele descobriu ao analisar o conteúdo da mente uma série de eventos como o recordar, o desejar e o perceber, e até mesmo o conteúdo abstrato desses atos, que Husserl chamou “significados”. Esses significados, segundo ele, permitiam a um ato ser dirigida para um objeto sob uma aparência concreta, e afirmou que a direcionalidade, ele chamou “intenção”, era a essência do conhecimento. Os primeiros seguidores proclamaram que a tarefa da fenomenologia é estudar a essência das coisas e emoções.


EXISTENCIALISMO

  • O Existencialismo se apresenta como "movimento filosófico que tenta estabelecer o conhecimento de toda a realidade sobre a experiência imediata da existência", que se destaca como um tema central para a reflexão da existência de seres humanos, com as suas experiências e, especialmente, seu pathos , ou seja, dos seus sofrimentos.
  • Tentativa da filosofia existencialista de criar uma visão de mundo de acordo com o estado de ânimo dos intelectuais, com a fonte ideológica da filosofia de vida e da fenomenologia.
  • Ele surgiu (primeiro na Alemanha após a Primeira Guerra Mundial, depois na França após a Segunda Guerra Mundial, e depois em outros países, incluindo os Estados Unidos), como uma tentativa de criar uma nova visão de mundo, de acordo com o estado de ânimo dos intelectuais burguesa.
  • Como um movimento filosófico, se desenvolveu na Europa, tem origem na Alemanha como consequência da grande crise causada pelas duas guerras mundiais, passando depois também para a França. O mundo deixou de ser um lugar tranquilo e o projeto iluminista de uma humanidade que iria conquistar a justiça e o bem-estar social com a força de sua razão falhou completamente. Nem mesmo a ciência ou técnica se mostraram uteis para melhorar o mundo.
  • Surge de enorme ansiedade, um sufocamento existencial do ser humano que emergiu durante o período entre guerras. Mais tarde, nas décadas de 1950 e 1960, tornou-se popular, converteu-se na filosofia da moda. Os artistas identificados com esta corrente de pensamento eram solitários. O corpo humano se caia dilacerado por conteúdos existenciais.

A FILOSOFIA EXISTENCIALISTA

  • Tem como essência tomar como ponto de partida a relação objeto-sujeito, ou seja, o objetivo e o subjetivo encarnados na existência do indivíduo. Para tornar-se consciente de si mesmo, o homem tem que se encontrar em uma situação extrema, limite, tal como a morte.
  • Ressalta o papel crucial da existência, da liberdade e das relações individuais e que gozava de influência em diferentes pensadores e escritores dos séculos XIX e XX. Devido à diversidade de posições associadas com ao existencialismo, o termo não pode ser definido com precisão. Eles podem identificar, no entanto, alguns temas comuns em todos os autores existencialistas: a ênfase na existência individual concreta e, consequentemente, sobre a subjetividade, a liberdade individual e os conflitos das escolhas.
  • O existencialismo é um movimento filosófico e literário dos séculos XIX e XX, mas você pode encontrar elementos existencialistas no pensamento (e vida) de Sócrates, na Bíblia e nas obras de muitos filósofos e escritores antes da idade contemporânea: a maioria dos filósofos desde Platão tem mantido que o bem ético mais elevado é o mesmo para todos (na medida em que se aproxima a perfeição moral, mais você se parece para os outros um indivíduo moralmente perfeito).
  • O tema mais destacado na filosofia existencialista é o da escolha. A primeira característica do ser humano, segundo a maioria dos existencialistas, é a liberdade para escolher. Eles afirmam que os seres humanos não têm uma natureza imutável, ou essência, como têm outros animais ou plantas; cada ser humano faz escolhas que moldam sua própria natureza
  • Este movimento geralmente descreve a ausência de uma força transcendental; isso significa que o indivíduo é livre e, portanto, totalmente responsável por seus atos, sem a presença de uma força superior que poderia determina-lo em seus atos. Isso atribui aos seres humanos a criação de uma ética de responsabilidade individual, separada de qualquer sistema de crenças externos a ele. Esta articulação pessoal do ser é, geralmente, a única maneira de superar as religiões existentes, que lidam com o sofrimento, da morte e do fim do indivíduo.
  • Apesar de sua posição inicial antirracionalista, não podemos dizer que os existencialistas foram irracionais no sentido de negar toda validade do pensamento racional. Eles têm mantido que a clareza racional é desejável sempre que possível, mas as questões mais importantes na vida não são acessíveis pela razão ou pela ciência. Eles também argumentaram que mesmo a ciência não é tão racional quanto se supõe. Nietzsche, por exemplo, disse que a visão científica de um universo ordenado é para a maioria uma ficção mais prática, um sonho.
  • Dentro dessa filosofia se desenvolve um papel importante quanto ao conceito de liberdade: a "escolha" que faz do homem uma possibilidade entre muitas que lhe são apresentados, que têm caráter voluntário, separando escolha de circunstâncias, ou seja , separando as leis sociais objetivas , a necessidade objetiva e torná-lo um problema ético, com extremo individualismo no que diz respeito à sociedade.

PRINCIPAIS FUNDADORES DO EXISTENCIALISMO

  • Soren Kierkegaard (1813-1855), filósofo e teólogo dinamarquês, teve interesse pela existência, pelas escolhas e pelos comprometimentos individuais, os quais, segundo Kierkegaard, tiveram grande influência na teologia e na filosofia ocidental moderna, especialmente no campo do existencialismo.
  • Martin Heidegger (1889-1976) foi um filósofo alemão. Fundador da chamada fenomenologia existencial, é considerado um dos pensadores mais originais do século XX. Ele alegou que a fenomenologia deve revelar o que está escondido na experiência comum do nosso cotidiano, descrevendo o que ele chamou de “a estrutura da cotidianidade”, ou “ser no mundo”, que pensou que era um sistema inter-relacionado de habilidades, papéis sociais, projetos e intenções.
  • Jean-Paul Sartre (1905-1980) foi filósofo, dramaturgo, romancista, jornalista político francês e um dos principais representantes do existencialismo. Ele usou o termo existencialismo para definir e descrever sua própria filosofia e, após finalizada a Segunda Guerra Mundial, se tornou o grande promotor do movimento em escala internacional. Para Sartre a existência precede a essência. Sua tese baseia-se no seguinte princípio: não há natureza humana, ou seja, o homem não tem essência ou natureza, portanto, o homem é o que ele tem feito de si mesmo. Pensamentos coletados em seu livro "O Existencialismo é um Humanismo".
  • Karl Jaspers (1883-1969) foi filósofo e psiquiatra alemão. Jaspers foi um dos fundadores do existencialismo. Seu trabalho, composto por mais de 30 livros, influenciou de forma decisiva a teologia, a psiquiatria e a filosofia do século XX.

A ARTE EXISTENCIALISTA

  • O existencialismo foi a base para muitos artistas após a Segunda Guerra Mundial e se traduziu visualmente em dor, em uma sensação de mal-estar, em uma negação do figurativo e de qualquer regra que não era o que o próprio artista entendia como válida. Desespero e perda do sentido do homem são mostrados nos quadros. A obra de arte muitas vezes se torna um meio em que será despejada a ira do criador que está ciente do fracasso da humanidade que levou o mundo a mergulhar em um holocausto físico e em um apocalipse espiritual.
  • Após a II Guerra Mundial, o existencialismo surgiu nos anos 50 como uma das principais correntes do pensamento europeu. Depois dos horrores vivenciados pela sociedade europeia não havia muito espaço para considerações religiosas ou éticas, as ações dos homens deveriam se basear pelas condições da vida, da própria existência.
  • A chamada “Escola de Londres”, da qual participaram Francis Bacon, Frank Auerbach, Leon Kossof e Lucian Freud, entre outros, era composta em sua maioria por artistas judeus que sofreram as consequências da Grande Guerra.
  • Exilados, sentiram a necessidade de retratar a realidade de maneira mais densa, explícita.  Algumas das marcas do existencialismo são a angústia, a transformação do indivíduo, o absurdo. Francis Bacon, por exemplo, retratava corpos como pedaços de carne dilacerados, “desfeitos”. Sem a densidade do corpo a verdadeira liberdade poderia emergir, mas era necessário mostrar que somos feitos de carne. Lucian Freud retratou corpos sem esconder os “detalhes” feios. Imagens explícitas, mas nunca, jamais voltadas para o erotismo. O nu retratado por Freud nos mostra homens solitários e encarcerados dentro de seus corpos. Assim como em Bacon, há uma “carnalidade” na sua pintura, carnalidade essa puramente figurativa. 
  • Alguns consideram que os conceitos desenvolvidos na filosofia existencialista foram fortemente influenciados pela arte. Romances, peças de teatro, filmes, histórias e pinturas, sem que tenham sido catalogadas necessariamente como existencialistas, sugerem serem precursores de seus postulados.
  • Como dito anteriormente, após a Segunda Guerra Mundial, o existencialismo se traduziu em muitas obras de arte que mostravam dor, desassossego e na negação de qualquer regra que não seja o que o artista declarou válido. Em sua arte mostrava o desespero e a perda de rumo das vidas humanas. A arte se converteu em um suporte onde expressar sentimentos de raiva causada pelo fracasso da humanidade que levou o mundo a um holocausto. Mas, apesar desse ponto de vista, podemos também  encontrar outros pontos de vista diferentes que rejeitam este tipo de arte, enfatizando que seguir por esse pensamento irá nos levar a perda total do homem em seus cinco sentidos, pois estes pensamentos degeneram a arte

GERMAINE RICHIER

Germaine Richier - Atelier
Escultora francesa. Durante a Segunda Guerra Mundial construiu seu próprio mundo imaginário. Combinação de flora e fauna, chegando a produzir despois da guerra enormes estatuas.

Germaine Richier - Water, 1953-54

JEAN FAUTRIER

Jean Fautrier
Pintor e escultor francês. Com suas pinturas abstratas podemos dizer que foi um pintor abstrato lírico.
Ele queria expressar a horrível experiência vivida quando a França foi ocupada pelos Nazistas. Colocava uma grossa capa de cor e continuava desenhando e pintando.
Jean Fautrier - Tête d'otage N. 14, 1945

ALBERTO GIACOMETTI

Alberto Giacometti
Escultor e pintor suíço (por mais que tenha passado a maior parte de sua na França). Suas estatuas humanas parecem aparições dissecadas que se montam na medula da existência.
Alberto Giacometti - l'homme qui marche





FRANCIS BACON



Francis Bacon (1909-1992), é um artista cuja desoladora visão da condição humana, unida a seu tratamento austero da homossexualidade masculina, despertou em seu tempo fascinação e repulsa, porém a sua obra não deixou de ganhar importância com o passar do tempo.
Nascido em Dublin, filho de pais ingleses, Bacon trabalhou algum tempo como designer de interiores antes de começar a pintar no ano de 1928. Porém, exigente consigo mesmo, destruiu a maior parte de sua produção inicial. É o pintor britânicos mais importantes do século XX.


Sua autêntica incursão pelo mundo da arte contemporânea não ocorreu até 1945, quando seu tríptico " Três Estudos para Figuras na Base de uma Crucificação", pintado no ano anterior, causou um enorme impacto sobre os visitantes da galeria Lefebvre, em Paris, onde ele se exibiu pela primeira vez ao público. (obs: Um tríptico é geralmente, um conjunto de três pinturas unidas por uma moldura tríplice, dando o aspecto de serem uma obra, ou somente três pinturas juntas formando uma única imagem.)


Neste tríptico, que agora pertencente ao museu Tate, estão "em poucas palavras" algumas das constantes em sua obra: o isolamento - mais tarde enjaulamento- da figura, a violência sadomasoquista, a náusea, a fascinação pela carne, elementos que fazem de Bacon um pintor existencialista por excelência.
Um existencialismo visceral, viscosa e abertamente sexual parece ser o oposto do existencialismo distante, ascético e quase metafísico de seu contemporâneo suíço Alberto Giacometti.


O mesmo escreveu em 1964 sobre sua obra onde disse que ele gostaria que suas pinturas parecessem como se tivessem passado por eles uma presença humana deixando sua marca “como um caracol deixa sua baba”. 


Bacon foi um colecionador de imagens, fotografias e reproduções de tudo o que viu em revistas e livros, que ele cortava e amontoava em seu estúdio caótico para, eventualmente, recorrer a eles sempre que necessário.


Totalmente autodidata, porém fascinado pelos fortes momentos da história da arte, especialmente pela a pintura de Masaccio, Velázquez, Goya, Rembrandt, Van Gogh e Picasso, Bacon não hesitou em se apropriar de imagens de outras pessoas e manipulá-los para suas próprias criações.
Sua apropriação mais famosa, além da série de fotografias de atletas e animais de Eadward Muybridge, é a que fez do retrato do Papa Inocêncio X, de Velázquez, que a distorceu até que se tornou uma imagem icônica do isolamento e do desespero mais radical.


Outra grande influência sobre Bacon é a exercida pelas figuras violentamente distorcidas dos anos trinta feitas por Picasso, embora nos corpos dos animais que apareceram em seus estudos para uma crucificação também há citações claras de Rembrandt e Soutine.

Seu material favorito era definitivamente a figura humana. Bacon evidentemente não se sentia à vontade com paisagens, mesmo que tenha, no entanto, algumas amostras.
Mas são especialmente seus nus, tanto femininos - por exemplo, sua amiga Henrietta Moraes - como os masculinos, massas amorfas de carne que parecem oferecer uma batalha agonizante no meio de um ringue.
E estão também seus retratos e autorretratos, embora ele mesmo disse detestar seu rosto e só o pintava quando ele não tinha nenhum outro modelo. É são seus rostos retorcidos e deformados e essas pinceladas violentas que fazem seu estilo imediatamente reconhecível.
Entre eles se destacam sem dúvida os que ele pintou quase obsessivamente de sua amante George Dyer, cujo suicídio em um quarto de hotel em Paris, na véspera da inauguração da retrospectiva de Bacon no Grand Palais, localizado na mesma cidade, deixou no artista um enorme vazio.

Sua pintura está marcada pela mesma situação trágica que marcou a obra de Sartre e de outros existencialistas. Desnudo agachado, 1950

Bacon lhe dedicou vários trípticos póstumos, desde o mais misterioso e elegíaco de todos, pintado em 1971, apenas dois meses depois do suicídio, até os mais desesperados de 1972 e principalmente o de 1973.
Neste último, o artista mostra seu amigo sozinho em seu quarto de hotel, vomitando na pia ou sentado no vaso sanitário, cercado por uma mancha negra que seria a morte em transe de engoli-lo.

YAYOI KUSAMA

Yayoi Kusama, a “rainha lunática”
Obsessão interminável.
Para muitos a maior entre todos(as) artista vivos(as) do Japão.
Seu trabalho vai desde a esfera privada para a esfera pública, da pintura à performance, do estúdio para a rua.


Yayoi Kusama nasceu em Matsumoto, Japão, em 1929. Depois de uma conjunto poético de obras semi-abstratas em papel que marcaram seu início de carreira, na década de 40 , Kusama criou a famosa série Infinity Net (Red Infinita) no final da década de 50 e início da década de 60. Estes trabalhos altamente originais são caracterizados pela repetição obsessiva de pequenos arcos de tinta acumulam em grandes superfícies seguindo padrões rítmicos .
Kusama se mudou para Nova York em 1957, onde se encontrou com Donald Judd, Andy Warhol, Claes Oldenburg e Joseph Cornell. Isso foi um marco em sua carreira artística. Da prática pictórica passou às esculturas brandas conhecidas como Accumulations (Acumulações) e, em seguida, para performances ao vivo e happenings (espetáculo dramático inusitado, em geral artisticamente concebido como uma série de acontecimentos sem continuidade, em que o imprevisto e o espontâneo têm papel essencial, envolvendo a participação da plateia), exemplos claros de cultura alternativa de New York, com a qual ganhou reconhecimento e reputação na cena artística local.

Happening: Explosão Anatómica na estátua de Al[ice no País das Maravilhas. Central Park, 1968
Em 1973 Kusama retornou ao Japão e em 1977 se internou voluntariamente em uma clínica psiquiátrica onde reside desde então. A já marcada peculiaridade psicológica de sua obra, se soma a um amplo espectro de inovações formais y reinvenções que permitem a artista compartilhar com um público amplio sua singular visão, através dos infinitos espaços espelhados as superfícies obsessivamente cobertas de pontos que lhe deram fama internacional. Nas suas obras mais recentes, Kusama tem recuperado o contato com seus instintos mais radicais em instalações envolventes e peças que convidam a colaboração, obras que lhe converteu na artista viva mais célebre do Japão.


Infinity Mirror Room – Phalli\’s Field [Sala de espelhos infinito – Campo de falos]1965-2013

LUCIAN FREUD

Lucian Michael Freud (1922-2011)
Neto de Sigmund Freud, Lucian Michael Freud (1922-2011) nasceu em Berlim e permaneceu na Alemanha até 1933, quando se mudou para o Reino Unido com a família para fugir da tomada nazista. Alguns anos depois foi naturalizado britânico e permaneceu em Londres durante toda a sua vida.


Mais do que retratos do cotidiano, Freud procurou, através da sua arte, compreender quais seriam os traços e pinceladas exatas que poderiam traduzir a “humanidade” das pessoas, e hoje é reconhecido como um dos maiores representantes da arte existencialista. “Fazer um retrato é tentar ver o que você não viu antes. É extraordinário o quanto podemos aprender sobre nós mesmos se olharmos para alguém com muita atenção, sem julgar” – disse o artista em uma entrevista concedida em 2009 a Michael Auping, curador do National Gallery, Londres.


Dentre os principais representantes do existencialismo filosófico estavam os escritores e pensadores franceses Jean Paul Sartre e Albert Camus. Romances e peças teatrais como Entre Quatro Paredes, O Muro, O Estrangeiro, O Mito de Sísifo e O Homem Revoltado traziam histórias nas quais os personagens encontravam dilemas éticos e guiavam-se sem a ajuda de dogmas religiosos, fé ou idealismos. A falta da crença em algo que lhes fosse externo, tal como Deus por exemplo, os levava a sentir o peso e o vazio ocasionados pela solidão e pela responsabilidade de escolher os caminhos da própria existência. 


Já nos anos 60 a arte existencialista cedeu seu lugar a estilos menos “densos”. Surgiam nas artes plásticas imagens com características de alienação, a cultura pop fazia parte da realidade daquela década onde a publicidade começava a ditar tendências. O neo-dadaísmo e a arte abstrata complementavam o cenário. 
Nesse contexto, o figurativismo de Freud atuou como um contraponto a arte abstrata da época. Os personagens que retratou em pinceladas carregadas de óleo traziam consigo visceralidade, tristeza, o peso da vida. Através da carne densa, o retrato do estado psicológico do indivíduo sozinho no mundo, ancorado no desespero da existência.


POSTAGEM EM CONSTRUÇÃO

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