Nessa analise temática do livro “Oque é Sociologia”, temos como objetivo expor de forma clara as opiniões do autor em relação ao tema, evitando interferências expondo somente as idéias do autor para que nossa analise seja de fato temática. Na procura de uma tematização mais clara, observamos e diferenciamos as interpretações da sociologia dos diferentes grupos e classes sociais, a forma como cada uma delas utilizava a sociologia como um instrumento de seus interesses, alem dos reflexos das mudanças causadas por ela na vida da sociedade vigente como um todo.
“O que é Sociologia?”.
No livro “O que é Sociologia?”, a proposta do autor é a de tentar explicar a historia e as divisões de idéias da sociologia, partindo do principio de que sociologia é o resultado da tentativa do homem de compreender as novas situações sociais criada pela nova sociedade capitalista.
O autor explica a sociologia como sendo uma forma de interpretar a sociedade e o mundo e as influencias que elas exercem nos indivíduos. O surgimento dessa nova ciência ocorre no século XVII mais a palavra Sociologia só apareceria um século depois, por volta de 1830. O seu surgimento ocorre em um período em que se concretizava o fim da sociedade feudal e a consolidação da sociedade capitalista. As transformações sociais que ocorreram nessa época colocaram para as pessoas problemas nunca antes vividos e necessidades de explicações para esse mundo ainda estranho.
O autor fala sobre as Revoluções Francesa e Inglesa analisando suas colaborações para o processo de afirmação definitiva da sociedade capitalistas interpretando as revoluções como sendo essas o triunfo da industria capitalista e do empresário capitalista, que veio por converter a grande massa da sociedade a trabalhadores despossuídos submetendo a eles formas de condutas e relações profissionais diferente das vividas anteriormente. Na época, devido a forte industrialização ouve um grande êxodo dos moradores do campo para as cidades, as conseqüências disso foi o aumento da prostituição, do suicídio, do alcoolismo entre outros “males sociais”, daí a disposição para tratar a sociedade a partir do estudo de seus grupos e não dos indivíduos isolados, essa ciência assumia a tarefa intelectual de repensar o problema da ordem social, enfatizando a importância de instituições como autoridade, família e hierarquia social, a sociologia deveria instaurar um estado de equilíbrio na sociedade.
O autor também diz que os iluministas, em sua maioria burgueses, foram os pioneiros do conceito sociologia. Insatisfeitos com a sociedade, e com a religião mantendo todo o poder voltado pelo clero, procuraram desenvolver novos pensamentos a fim de mudar a própria sociedade, utilizando do pensamento racional e intelectual, cabendo criticar a religião por serem o centro do poder, e lançar os seus dogmas para conter á população. Mostravam criticas e pensamentos voltados para todas as ciências, afim de expressar os seus pensamentos, alguns enciclopedistas, colocavam críticas, muitas vezes já com a tentativa de acolher respostas para os problemas então referidos,mantendo sempre o estimulo da mudança na sociedade, atacando principalmente a religião, que com o avanço da ciência foi deixando aos poucos de ser o centro da explicação do universo, assim a teologia foi perdendo o seu valor para a ciência que avançava gradativamente na busca de explicação em várias vertentes, onde cada iluminista mantinha o seu valor buscando através da indução e do uso da experimentação, ao contrário de alguns pensadores como Descartes que priorizava a dedução, assim se buscava uma generalidade e uma explicação sobre a própria sociedade, focalizando como principal método a mudança geral, na qual não estava agradando, porém é claro deixar que cada iluminista tinha o seu próprio conceito, onde se caracteriza várias contradições.
Segundo o autor, a Sociologia é de conteúdo contraditório por não ter um projeto intelectual bastante claro, dando vazão para que ela seja adotada por grupos cujas opiniões são bastante distintas, podendo ser interpretada tanto como sendo uma arma a serviço dos interesses dos dominantes como uma expressão teórica dos movimentos revolucionários.
O autor divide a sociologia em quatro vertentes: conservadora, positivista, socialista e científica.
O autor define os conservadores como “profetas do passado”. Eles não justificavam as novas sociedades por suas realizações políticas ou econômicas, a inspiração do pensamento conservador era a sociedade feudal, pois eles não tinham interesses em defender o atual sistema capitalista que se encontrava em franca expansão. Era defensor da igreja, da monarquia e da aristocracia que se encontrava em processo de desmoronamento.
Entre os principais conservadores ele cita pensadores como Edmund Burke (1729-1797), Joseph de Maistre (1754-1821) e Louis de Bonald (1754-1840).
Enquanto os conservadores sonhavam em voltar com o feudalismo, os pensadores positivistas, tido pelo autor como “os pioneiros da sociologia”, estavam interessados na preservação da nova ordem econômica e política, estavam conscientes de que não seria possível voltar à velha sociedade feudal e restaurar as suas instituições. Para eles as idéias religiosas haviam perdido a sua força na conduta dos homens e não seria mais a partir dela que se daria a reorganização da nova sociedade, com isso a ciência poderia vir a desempenhar a mesma função de conservação social que a religião tivera no período feudal, o cientista ocuparia o papel do clero e os fabricantes, banqueiros e comerciantes substituiriam os senhores feudais. Eles acreditavam que a raiz dos problemas de seu tempo era devido a uma certa fragilidade moral da época em orientar adequadamente o comportamento do individuo. Para os positivistas a ordem era o ponto de partida para a construção da nova sociedade, passando a sociologia assim a ser uma busca pelas soluções para os problemas sociais, restaurando a sua normalidade se convertendo numa técnica de controle e de manutenção do poder vigente. Defendiam também que a sociologia deveria se utilizar dos mesmos meios das ciências naturais, tais como a observação, a experimentação, a comparação, entre outras passando assim a dedicar-se, igualmente a outras ciências, a busca do conhecimento através dos acontecimentos constantes e repetitivos da natureza.
Entre os principais conservadores ele cita pensadores como Auguste Comte (1798-1857) e Emmile Durkheim (1858-1917)
Ao contrario dos positivistas que visavam manter a ordem capitalista vigente, os socialistas pré-marxistas visavam questionar ela. Segundo o autor ela era uma nova visão do mundo, que procurava conceber uma sociedade de condições igualitárias para seus cidadãos, não só economicamente mais também socialmente, sendo ela uma clara reação à nova realidade implantada pelo capitalismo, principalmente quanto as suas relações de exploração. Os socialistas defendiam que o conhecimento da sociedade vigente deveria se converter em um instrumento político, capaz de orientar grupos e classes sociais para uma transformação social. Com o surgimento das idéias de Karl Marx (1818-1883) e de Friedrich Engels (1820-1903) essa concepção ganha uma nova roupagem.
Nessa nova forma de interpretar a sociedade, a sociologia não teria mais o propósito dos positivistas, que é a de combater os problemas sociais visando estabelecer a ordem. Muito pelo contrario, eles visava o extermínio da sociedade vigente para a elaboração de uma nova sociedade mais justa e igualitária. Marx deixava bem claro as suas diferenças com a burguesia e a sua aproximação com o proletariado, alegando que assim como os economistas clássicos eram os representantes dos interesses da burguesia, os socialistas e os comunistas deveriam se constituírem como os representantes da classe operaria. Para eles, a luta de classes, e não a ordem social, constituía a realidade concreta da sociedade capitalista. Marx definiu o homem como um ser social, e alegava que a sociedade era concebida como ordem da atividade do próprio homem, ao contrario dos positivistas que concebiam a sociedade como sendo algo mais importante. Também defendiam que a divisão do trabalho na sociedade era uma das formas pela quais se realizava as relações de exploração, antagonismo e alienação. Foi o socialismo que despertou o senso critico da sociologia.
A intenção de conferir a sociologia o estatus de ciências encontra-se na figura de Max Weber (1864-1920), devido a sua intensa busca pela neutralidade científica, onde o sociólogo teria de abandonar as suas paixões encarar os problemas sociais de forma “pura”. Weber visava com isso isolar a sociologia de movimentos revolucionários e assim manter a sua liberdade intelectual e sua autonomia. Ele é o autor do livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, onde procurava, não afirmar que a ética protestante era a única causa do capitalismo, mais sim uma de suas causa.
A construção da sociologia coincidiu com o crescimento da formação capitalista, onde contava com o otimismo dos próprios sociólogos, mantendo como plano político a sociologia de uma maneira conservadora e dominadora.
Com o surgimento dramático e constrangedor de várias empresas com produtos variados fortalecendo o poder com as grandes industrias, surgem movimentos socialistas que abalavam as estruturas deste capitalismo, estes movimentos vindo de pessoas insatisfeitas por tal mudança que muitas vezes as deixavam sem rumo para seguir, pois este processo de industrialização, levou a própria família do campo a se adaptar por um sistema de vida urbana, mudando completamente a rotina de vida destes cidadãos.
Estes revolucionários na tentativa de desmoronar todos estes projetos que ainda estavam se estabilizando, acabaram abalando os pensamentos e formas em que os sociólogos exerciam anteriormente, passando para uma fase na qual não podiam expor as suas idéia e críticas intelectuais, trabalhavam em função de uma ordem já estabelecida, com esta mudança os padrões de um sociólogo mudaram definitivamente, onde a crítica não era favorável nas escolas, criando-se assim padrões definidos para que fossem seguidos, onde os sociólogos do nosso período passaram a desenvolver o seu trabalho a via de regras já efetuadas, porém existiam pensadores que buscavam ações e críticas para as ordens estabelecidas, onde estes não eram aceitos nas escolas.
Com esta nova forma que a sociologia se encontra neste período, onde a conformidade, e a utilização para o domínio dos burgueses eram constantes, apesar destas perturbações alguns sociólogos mantinham os seus conceitos e criavam novos métodos, neste período no inicio do século passado, a pesquisa de campo originou-se nesta disciplina mudando as ordens estabelecidas, criando um novo modelo de sociólogo.
Na França,partindo do pensamento de Durkhein, seus seguidores iniciaram análises partindo de pressupostos como a formação histórica do capitalismo, e os aspectos da vida social.
Com está nova concepção, várias pesquisas foram feitas, em várias vertentes, buscando explicações através de pesquisas elaboradas,e assim utilizando o uso histórico como explicação de vários fatos que aconteciam, onde a história passa a ser usada para a sociologia.
Estes estudos, preocupados com conceitos de relações sociais vindos de documentação empírica, muitas vezes criavam intermináveis pontos que acabavam sendo fantasiosos, citando preocupações pelos problemas socias, porém sem trazer soluções para os problemas estabelecidos, preocupados com a desordem social, aceitando a realidade em que era apresentada.
Com a chegada do Capitalismo e após ter ocorrido as duas revoluções, a sociologia era vista com um certo otimismo pelos próprios sociólogos daquela época; esta ciência que era utilizada como um pano de fundo, embutida em um plano político para manter a sua ordem conservadora, com suas ideologias formadas pela própria burguesia, com intuito de distanciar ainda mais os projetos de fraternidade e igualdade mantendo assim a sua dominação.
Com este processo de transição, a vinda de pessoas do campo para a cidade, a chegada da industrialização, comprometendo-se uma mudança muito radical e rápida, trouxe algumas alterações trágicas na vida destes povos, onde alguns se manifestavam, fazendo assim organizações políticas operárias, insatisfeitos com este processo do capitalismo que estava se estabilizando com empresas privadas, acúmulo de capital e etc.
Diante de todas estas mudanças que estavam ocorrendo no interior dos estados, guerra, manifestações de operários, fez a sociologia, com perspectiva utilitária para assegurar as ordens já estabelecidas pela burguesia, junto com outras ciências sociais tais como: a ciência política, ciência econômica, antropologia, ciências estas que estavam procurando manter as ordens vigentes durante este processo de transição.
O sociólogo passou a exercer a sua profissão diante das ordens já estabelecidas pelo estado, não podendo exercer o uso da critica, mantendo assim uma teoria conservadora e reformista, onde aqueles que procuravam uma critica elaborando as suas próprias idéias eram ignoradas pelas escolas acadêmicas, onde as visões socialistas e esquerdistas foram sendo dificultadas para serem estudadas.
Durante este período onde o capitalismo já mostrava as suas caras, surgiram alguns sociólogos como uma reflexão diferente para esta ciência, com idéias que procuravam entender coisas do gênero como o surgimento do capitalismo, formas de relações humanas, culturas de vários locais, isto nas primeiras décadas do século XX, criando-se assim, várias metodologias que de certa forma favoreceram no campo de estudos de pesquisas.
Estudando os aspectos sociais, de várias épocas, utilizando a história para um surgimento de uma escola empírica, baseando-se em pesquisas, debruçando em materiais empíricos, orientados pelas teorias de Durkhein.
Estes estudos, preocupados com as deferentes relações humanas, decorrendo de uma pesquisa empirista, muitas vezes traziam conceitos artificiais, e arbitrários, sem muitas explicações teóricas, longe de uma prática, mantendo assim sempre problemas relacionados às desorganizações sociais, desta forma mantendo um processo positivista e conservador, que trouxe um certo avanço em relação a diferentes metodologias implantadas em vários campos construídos por estes sociólogos.
Com a Segunda Guerra Mundial, a vida de um sociólogo passa a ser exercida como ciência natural, onde acreditavam que a sociologia poderia ser exercida de maneira “neutra” e “objetiva”.
Os empiristas não buscavam as mesmas preocupações que os sociólogos clássicos, como Durkhein, Max Weber, Karl Marx, que procuravam uma totalidade de compreensão da vida social.
Embora vemos a sociologia de mãos dadas com o poder, temos também alguns sociólogos que exerciam uma crítica contra este aspecto conservador, desmistificando o capitalismo, e suas formas de opressão, com a sociedade e a dominação burguesa com suas industrias privadas e todos os procedimentos que sustentam e elevam este poder,
Diante de todos estes problemas, vindo da escola de Frankfurt, dando assim uma visão critica diante a sociedade, onde obtinha idéias que rejeitavam a teoria marxista.
Porém diante de várias visões que podemos construir em que a sociologia proporcionou em nossas vidas, seja oferecendo o sociólogo a uma empresa privada, com o intuito do positivismo, mantendo a ordem, ou a critica com o pulso da revolução, procuramos encontrar na sociologia uma forma mais justa e igualitária de vida.
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