quarta-feira, 23 de outubro de 2013

(HISTÓRIA) REPÚBLICA POPULISTA [1946-1964]


Esse é um "resumão" com os fatos mais marcantes de todos os governos que ocorreram durante o período da nossa História que é comumente chamado de "República Populista". Esse período corresponde aos governos que sucederam o Estado Novo de Getúlio Vargas e antecederam a o golpe de 1964 e a ditadura militar.



1 - O GOVERNO EURICO DUTRA [1946-1951]


Presidente Eurico Gaspar Dutra


- Nos últimos momentos do Estado Novo, diante de muitas pressões, Getúlio Vargas convocou eleições diretas para Dezembro de 1945. concedeu anistia aos presos políticos e permitiu a organização de partidos políticos.

Queremismo - O povo pedindo a permanência de Getúlio Vargas

- Devido ao forte apelo popular favorável à permanência de Vargas no poder (Queremismo) e ao suposto apoio que Vargas estaria dando a esses apelos para se perpetuar no poder, Dutra destituiu Vargas do poder.
- No dia 2 de dezembro de 1945, os brasileiros foram às urnas e escolheram Eurico Gaspar Dutra como seu novo presidente.
- Dutra eleito com o apoio do PTB e de Getúlio Vargas, o mesmo que pouco tempo antes ele tirou do poder.
- Embora não figure como um típico populista, Dutra foi o primeiro presidente do dito período. 
- Dutra chegou a presidência em uma época conturbada por problemas econômicos e políticos.
-  O Brasil passara por um aumento do custo de vida, o que provocou manifestações de protesto da classe trabalhadora.
- Em reação a essas manifestações o governo Dutra proibiu greves e interveio em sindicatos. 

A NOVA CONSTITUIÇÃO
- 1946: Nova constituição (Quinta constituição do Brasil e quarta da República).
- Ela  regeu o país por 20 anos.
- Essa nova constituição foi considerada liberal e redemocratizante.
Restabeleceu a República Federativa Presidencialista (com mandato presidencial de cinco anos).
- Consolidou a independência entre os três Poderes.
Restabeleceu parte da autonomia dos Estados e municípios, embora permitisse a intervenção do governo na economia e nas questões sociais.
- Estabeleceu  o voto universal e obrigatório para alfabetizados maiores de 18 anos.
Restaurou o cargo de vice-presidente da República
Incorporou a CLT.

Dutra (esq.) e o presidente Dwight Eisenhower: a interferência dos EUA em tempos de Guerra Fria.

- O governo Dutra coincidiu com o início da Guerra Fria.
- Dutra firma aliança com os Estados Unidos.
Muitas greves aconteceram nesse período.
- PCB foi extinto: Em 1947 o Partido Comunista brasileiro foi fechado e os deputados que a ele pertencia tiveram seus mandatos caçados.
- O Brasil rompeu suas relações com a União Soviética.
- Começou uma onda de moralização no Brasil, onde uma de suas medidas mais polêmicas foi certamente a proibição dos jogos de azar no Brasil, quando, em 30 de abril de 1946. estabeleceu a proibição do jogo do bicho e fechamento dos cassinos.
Desastre do liberalismo econômico que torrou os 708 milhões que Vargas reservou em ouro ao longo do tempo em produtos supérfluos.
- Depois desse desastre tentou se redimir controlando as importações de bens de consumo, aumentando as tarifas alfandegárias sobre esses produtos.
Plano Salte: Nome de um plano econômico elaborado pelo  presidente Governo Dutra (1946-1950) que tinha como objetivo estimular o desenvolvimento de setores como saúde, alimentação, transporte e energia (exatamente o significado da sigla “SALTE”).
- O Plano Salte fracassou devido à falta de recursos do estado e à má administração dos responsáveis.
Durante o governo Dutra, Getúlio Vargas atuou na política como senador.


2 - A VOLTA DO GOVERNO GETÚLIO VARGAS [1951-1954]

Presidente Getúlio Vargas

- Em 1950, Vargas sai como candidato a presidência pelo PTB, disputando o cargo com Eduardo Gomes (UDN), Cristiano Machado (PSD) e João Mangabeira (PSB).
- Na campanha para presidente, utilizando seus atributos populistas Gegê, como era carinhosamente chamado, Getúlio Vargas consegue se eleger e voltar ao poder democraticamente, "nos braços do povo". 

“Eu volto, e volto nos braços do povo.”  Getúlio Vargas

- Apoiado pelo PSP (Partido Social Progressista) de Ademar de Barros, Vargas foi eleito presidente da República com 48,7% dos votos.
- Getúlio inovou em sua campanha política ao utilizar um "jingle" que foi extensamente divulgado pelos canais midiáticos, principalmente o rádio, fortalecendo a comunicação com as massas trabalhadoras. 
- Clique no link para ouvir : JINGLE DA CAMPANHA DE VARGAS EM 1950

- Seria nos trabalhadores que Vargas encontraria um dos pilares de sustentação do seu governo.



- Tem início um governo caracterizado pelo nacionalismo, pelo intervencionismo e por medidas populistas.

- Criação do BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento).

Plano Lafer (Horácio Lafer): Plano Nacional de Reaparelhamento Econômico – para organizar investimentos na indústria de base, transportes e serviços públicos.


Campanha "O petróleo é nosso"



Criação da Petrobras: Campanha "O petróleo é nosso", com o apoio de Monteiro Lobato, que culminou em 1953 com a criação da Petrobras;

- Criação da Eletrobras.

- A fim de ganhar apoio das massas, Vargas adota uma medida populista: o aumento de 100% do salário mínimo, concedido pelo Ministro do Trabalho João Goulart.

Estaríamos hoje passando por um período "neo-populista" da nossa história?

- Tais característica de governo Vargas (nacionalismo, pelo intervencionismo e medidas populistas) despertaram forte oposição dos adversários políticos.
- Começam a surgir denuncias contra o ministro João Goulart.
- Empresários nacionais, associados a capitais internacionais, financiaram a oposição ao governo através da UDN e do seu líder e governador da Guanabara Carlos Lacerda (dono da Tribuna da Imprensa).
- Carlos Lacerda denunciava supostos escândalos do governo de Vargas.

Jornalista Carlos Lacerda

- Indignado com a violência dos ataques caluniosos pela imprensa, rádio e televisão (na TV-Tupi do Rio de Janeiro) movidos por Carlos Lacerda contra seu patrão Getúlio Vargas, o chefe da guarda palaciana Gregório Fortunato, contratou dois pistoleiros para executarem Carlos Lacerda. 

Atentado da Rua Tonelero, onde Carlos Lacerda fora baleado no pé


Atentado da Rua Tonelero é o nome dado à tentativa de assassinato cometida contra o jornalista e político Carlos Lacerda.
- Na noite de 5 de agosto de 1954 quando o jornalista se aproximava do seu apartamento, na Rua Toneleiros, foi vítima de um atentado.
- As balas que mal o feriram no pé foram no entanto mortais para o major Rubens Vaz da FAB que lhe fazia informalmente o papel de segurança. 
- Imediatamente todas as evidências voltaram-se para o Palácio do Catete, sede do governo no Distrito Federal. 
- Oficiais da FAB resolveram fazer um inquérito por conta própria visto que alegavam não poder confiar na polícia de Vargas. 
- Formou-se a chamada "República do Galeão", um inquérito dirigido por integrantes da FAB a revelia das autoridades constituídas. 
- Em pouco tempo os criminosos foram detidos e Gregório Fortunato preso. 


- O poder de Vargas esvaziou-se por completo.

- Mesmo com todo o carisma que Vargas tinha e apoio popular que o mesmo dispunha, o clima do seu governo transcorreu em meio a turbulentas crises que viria a resultar no gesto fatídico do suicídio.

- Antes de suicidar-se, Vargas já estava politicamente morto.

- O suicídio de Getúlio Vargas ocorreu no dia 24 de agosto de 1954. 

- Pouco antes de morre, Getúlio vargas deixou uma emocionada Carta Testamento: 



"...saio da vida para entrar na História.



- Clique aqui para ler a Carta Testamento.


Multidão acompanha o cortejo fúnebre de
Vargas no Rio de Janeiro


O povo chora pela morte do "pai dos pobres"

- A população comovida se revolta contra a oposição de G.V, queimando caminhões de jornais de antivarguistas entre outros fatos.


3 - GOVERNOS CAFÉ FILHO/CARLOS LUZ/NEREU RAMOS [1954-1955]: GOLPES E CONTRA GOLPES


- Após o suicídio de Getúlio Vargas assumem respectivamente a presidência Café Filho (vice-presidente), Carlos Luz (presidente da Câmara dos Deputados) e Nereu Ramos (presidente do Senado). 

Presidente João Café Filho

- Após o suicídio de Getúlio Vargas, assume o seu vice João Café Filho.
Café Filho foi goleiro do Alecrim Futebol Clube, um clube de futebol profissional de Natal, clube que até hoje é o único que teve em seu plantel um atleta que chegou ao posto de Presidente do Brasil. 
- Educado na Primeira Igreja Presbiteriana de Natal, foi também o primeiro presidente protestante do Brasil.
- É realizada uma nova eleição, onde o candidato do Partido Social Democrático (PSD) Juscelino Kubitschek é eleito presidente, tendo como vice João Goulart (chamado popularmente de Jango), o polêmico ministro do trabalho do governo de Vargas.
- Carlos Lacerda, que era da UDN - partido derrotado nas eleições - inicia em seu jornal Tribuna de Imprensa uma campanha desmoralizadora contra os candidatos eleitos. 
- Carlos Lacerda afirmava que JK teve somente 36% dos votos e que por isso não poderia ser eleito, pois não conquistara mais de 50% dos votos válidos (algo que não era exigido pelas regras eleitorais da época).
- Carlos Lacerda acusava ainda João Goulart de ser corrupto e de organizar uma milícia operária.
- Um coronel chamado Bizarria Mamede faz um discurso público violento contra o presidente e o vice-presidente eleito. Segundo as normas do código militar, esse tipo de discurso era ilegal.
- Apesar do período turbulento, Café Filho licenciou-se parar tratamento de saúde, deixando em seu lugar o presidente da Câmara do Deputados, Carlos Luz.

Presidente Carlos Luz

- O Ministro da Guerra, o general Henrique Teixeira Lott, exige punição ao coronel  Bizarria Mamede.
- Percebendo que Mamede não seria punido, o Ministro de Guerra se indispôs com o governo Carlos Luz e pediu demissão.
- Tendo agora o caminho livre para aplicar um golpe, Carlos Luz voltou atras. 
- O agora ex-Ministro da Guerra e General Henrique Teixeira Lott, coordenou um golpe de Estado e depôs Carlos Luz.

Presidente Nereu Ramos


- O poder foi entregue, então a Nereu Ramos, presidente do Senado.

- Restabelecido Café Filho foi impedido de retornar à Presidência devido à oposição da Câmara de Deputados, que manteve Nereu Ramos no poder.



- Como a situação política estava muito confusa, o Congresso decretou estado de sítio por 60 dias.
- Tem início uma tentativa de golpe dos udenistas (com o apoio de Carlos Luz), que tentam impedir a posse de JK e Jango, acusando-os de "comunistas" e por não conseguirem a maioria absoluta de votos. 
- Diante da iminência de um golpe para impedir a posse de Juscelino, o general Henrique Teixeira Lott , comandante do Exército, acabou se antecipado aos golpistas. 


Ministro de Guerra, General Henrique Teixeira Lott



- Com a autoridade de ministro que ainda lhe restava, ordenou ele mesmo um golpe para o dia seguinte.

- Tratava-se de um golpe preventivo, um contragolpe para evitar um golpe.

- Em 31 de janeiro de 1956, sob tensão política, tomaram posse o presidente eleito, Juscelino Kubitschek de Oliveira e seu vice, João Goulart.





4 - O GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHEK [1956-1961]

JK em Brasília.

- Também chamado de presidente "bossa nova", o carismático e político habilidoso Juscelino Kubitschek, o JK, notabilizou-se pelo empreendedorismo e na construção de um Brasil moderno como marca da sua administração. 
- Os principais fatos deste governo foram:


PLANOS DE METAS: "50 ANOS EM 5"


- Sua plataforma de campanha e de governo foi o Plano de Metas: "50 anos de desenvolvimento em 5 de governo";
- O Plano de Metas previa investimentos, organizados em 39 metas e agrupadas em 5 setores:
a) Energia
b) Transporte
c) Alimentação
d) Indústria de base
e) Educação

CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA


- Juscelino concluiu o seu mandato com a audaciosa e dispendiosa construção de Brasília. 
- Concluída no dia 21 de abril de 1960.
- Urbanista: Lúcio Costa
- Arquiteto: Oscar Niemeyer
- Nova capital federal.
- Construção de Brasília é a marca da administração JK.

- Brasília foi construída pelos candangos.

- Para ligar Brasilia ao resto do Brasil, foram construídas várias estradas.



- Criação da SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), GEIA, GEICOM, ministério das Minas e Energia, e do Conselho Nacional de Energia Nuclear.


POLITICA ECONÔMICA




- Podemos apontar como principal característica deste governo a política econômica modernizadora e com base no capital estrangeiro. 


a) PONTOS POSITIVOS


- JK abriu as portas para o capital internacional, elevou o padrão de consumo da população urbana ao incentivar a instalação das indústrias de bens duráveis (automóveis e eletrodomésticos). 

- A produção industrial brasileira cresceu em 80%.

- A produção de maquinas cresceu 125%.
- A produção de equipamentos elétricos cresceu 300%.
- O PIB cresceu em 7%.

- O Brasil passou a produzir os produtos que antes importava, mas esses produtos eram produzidos por filiais estrangeiras.

- O setor industrial que mais se desenvolveu foi o da industria automobilística.

- Concentração de industrias em SP, Rio e MG.

- Instalação de indústrias de bens duráveis, principalmente multinacionais automobilísticas.


b) PONTOS NEGATIVOS


- Para seguir o plano de metas, construir Brasília e industrializar ainda mais o Brasil, JK usou e abusou dos empréstimos e investimentos estrangeiros.
- Aumento expressivo da divida externa.
- Aumento significativo da inflação (super inflação) 


- Isso provocou o aumento do custo de vida e o poder aquisitivo do salário mínimo caiu consideravelmente.
- O aumento da inflação, do custo de vida e da dívida externa, levou o governo a romper com o FMI e a decretar oratória.
_ Setores da educação e da produção de alimentos não foram atendidos pelos planos de meta.



A charge é uma crítica referente aos altos investimentos de JK em modernizações para o país, sendo que por outro lado, grande parte do país estava sofrendo e sendo muito prejudicada para que este processo de industrialização continuasse. O que a charge enfatiza, é a falta de consideração do presidente para com o povo brasileiro.



- O governo JK termina com um alto índice de rejeição popular.




5 - O GOVERNO JÂNIO QUADROS [1961]


Presidente Jânio Quadros



- Jânio herdara de JK uma inflação desastrosa e afirmava em sua campanha presidencial que acabaria com ela e com a corrupção.

- Seu símbolo de campanha foi a "vassourinha" que segundo Jânio, se eleito, varreria a corrupção da administração pública. 

- O vice-presidente eleito foi novamente João Goulart.



- Jânio Quadros (PTN) obteve a maior votação da história do país até então e foi eleito presidente do Brasil.

- Isso demonstrava o quanto que os eleitores estavam insatisfeitos com os efeitos negativos do governo de Juscelino Kubitschek (PSD).



ALIANÇA E ROMPIMENTO COM A UDN


- Apesar de ser candidato do inexpressivo partido PTN foi eleito com o apoio da UDN. 
- Na pratica, isso representava que finalmente o UDN conseguiu chegar à presidência.

- A UDN era um partido muito sisudo, muito conservador, e tinha pouca afinidade com Jânio Quadros, uma "figura caricata". 

O "caricato" Jânio Quadros durante a campanha presidencial.

Jânio é a UDN de porre!:  Só que a UDN não contava com maior apoio popular e colecionava derrotas nas eleições presidenciais. Assim sendo, a UDN precisava arrumar uma forma de conquistar o voto dos populares e o estilo populista de ator mambembe do Jânio veio a calhar, e seu tipo de comício atraiu muito a UDN porque a mesma precisava de votos. "Jânio Quadros é a UDN de porre!", dizia Afonso Arinos. 
- A UDN esperava que o presidente realizasse um governo sólido e conservador, mas não foi bem isso o que aconteceu e os líderes da UDN perceberam rapidamente o seu engano

- A UDN rompe com Jânio e Carlos Lacerda, em rede de TV, acusa-o de abrir as portas do Brasil ao "comunismo internacional"

- Sem o apoio da UDN, Jânio passa a governar isolado.





MEDIDAS IMPOPULARES


-Com o passar do tempo Jânio passaria a tomar medidas impopulares que abalariam o apoio que ele recebia dos mais pobres.



Essas medidas proibiam


  • Briga de galo
  • Uso de biquínis
  • Desfile de misses com maio cavado
  • Uso de lança perfume
  • Congelamento salarial
  • Restrição ao crédito
  • Proibiu corridas de cavalo durante os dias úteis,
  • Proibiu os cassinos.
- Apos perder o apoio de UDN e, consequentemente, das elites e dos setores conservadores, agora Jânio Quadros perdia o apoio dos populares que lhe elegeram.





POLITICA EXTERNA


- No plano da política externa, Jânio Quadros provocou arrepios aos políticos conservadores ligados ao capital estrangeiro (Estados Unidos).
O presidente Jânio Quadros condecorando o ministro cubano Ernesto Guevara
com a medalha da Ordem do Cruzeiro do Sul, em agosto de 1961.



- Jânio Quadros reatou, em plena Guerra Fria, relações diplomáticas com a União Soviética, com a China e com Cuba.

- Jânio Quadros condecorou com a medalha da Ordem do Cruzeiro do Sul, a mais alta honraria da nação brasileira, o revolucionário comunista e então ministro cubano Ernesto Che Guevara.

- Apos perder o apoio de UDN, das elites, dos setores conservadores e dos populares, agora Jânio Quadros perdia também o apoio dos lideres estadunidenses.

O HOMEM QUE TENTAVA AGRADAR A TODOS MAS NÃO AGRADAVA NINGUÉM

- Jânio Quadros tentava agradar a esquerda mas praticava uma política econômica conservadora de direita e por isso não consegui o apoio de nenhuma das duas partes.
- Resumindo: Jânio Quadros não conseguiu agradar ninguém.
26 de Agosto de 1961: Sem apoio, Jânio Quadros renunciou seu mandato alegando: 

"...forças terríveis levantaram-se contra mim e me intrigam ou infamam... A mim não falta a coragem da renúncia".

O jornal Folha da Tarde anunciava a renuncia de Jânio Quadros

- O programa de rádio "Repórter Esso" anunciou assim a misteriosa renúncia de Jânio: A RENÚNCIA DE JÂNIO 

- Com a renúncia de Jânio, a cadeira de presidente estava vaga e quem iria assumir a presidência seria o seu vice, João Goulart. O problema é que quando Jânio renunciou, Jango estava em visita oficial a China Popular comunista e era considerado pelos grupos reacionários um simpatizante do comunismo. 
- Setores civis e militares opuseram-se à sua posse, gerando uma profunda crise institucional.
Setores ligados ao grande capital nacional e internacional, com o apoio de parte das Forças Armadas tentaram impedir a posse de Goulart.
 Eclodiu em Porto Alegre, depois se espalhando pelo RS e Brasil, o Movimento da Legalidade, liderado pelo governador Leonel Brizola (com o apoio do III Exército), que exigia o cumprimento da constituição e a posse de João Goulart.-

Curiosidade:


Jânio Quadros era famoso por suas frases e durante sua vida produziu algumas que repercutem até hoje e que se destacam pelo raciocínio rápido e pelo humor acido do mesmo:
  • "Desinfeto porque nádegas indevidas se sentaram nela." - Eleito prefeito de São Paulo (1985), sobre a cadeira na qual o outro candidato, Fernando Henrique Cardoso, se sentara na véspera das eleições.
  • Num debate à presidência, Jânio estava realizando criticas pesadas a um presidenciável que o interrompeu: "Pode falar, suas palavras entram por um ouvido e saem pelo outro!". Jânio, para risada de todos, respondeu: "Mentira! O som não se propaga no vácuo!" 
  • Quando interpelado por uma jornalista a respeito de sua opinião sobre os homossexuais e foi chamado de "você", Jânio disse: "Intimidade gera aborrecimentos ou filhos. Como não quero aborrecimentos com a senhora, e muito menos filhos, trate-me por Senhor."
  • Uma vez Jânio Quadros foi questionado do porque de ele beber tanto, ao qual ele respondeu: "Bebo porque é líquido, se sólido fosse, come-lo-ia."

6 - O GOVERNO JOÃO GOULART [1961-1964]



- No começo da década de 60, o país atravessava uma profunda agitação política. 
- Com a renúncia de Jânio, a cadeira de presidente estava vaga e quem iria assumir a presidência seria o seu vice, João Goulart (Jango), um homem de convicções esquerdistas para a então política brasileira. 
- O problema é que quando Jânio renunciou, Jango estava em visita oficial a China Popular comunista e era considerado pelos grupos reacionários um simpatizante do comunismo. 


CRISES PARA POSSE DE JOÃO GOULART


- O perfil de Jango logo preocupou as elites, que temiam uma alteração social que ameaçasse seu poder econômico. 
- Lembremos que João Goulart foi o Ministro do Trabalho de Getúlio Vargas que propôs um aumento do salario minimo em 100%, agradando a classe trabalhadora e enfurecendo os empresários.
- Tanto as classes populares empolgada quanto as classes dominantes temerosas consideravam João Goulart o herdeiro de Getúlio Vargas 
- Setores civis e militares opuseram-se à sua posse, gerando uma profunda crise institucional.
- A oposição udenista e setores ligados ao grande capital nacional e internacional, com o apoio de parte das Forças Armadas tentaram impedir a posse de Goulart.
- Eles planejavam prender o Jango assim que ele desembarcasse em solo brasileiro.
- O Brasil estava muito próximo de uma guerra civil.
- Foi uma época em que movimentos pró e anti-golpe eclodiram pelo país. Dois grupos políticos, com interesses muito diferentes, se formaram no Brasil:
- Os contrários à posse de Jango: ministros militares, udenistas, grandes empresários nacionais e estrangeiros.
- Os favoráveis à posse de Jango: Grande parcela dos sindicalistas e trabalhadores, profissionais liberais e pequenos empresários.
Frente Legalista: Eclodiu em Porto Alegre, depois se espalhando pelo RS e Brasil, o Movimento da Legalidade, liderado pelo governador Leonel Brizola (com o apoio do III Exército), que exigia o cumprimento da constituição e a posse de João Goulart.


PARLAMENTARISMO

- Quase ocorreu uma guerra civil. Para que isso não acontecesse foi negociado o sistema parlamentarista.
- A adoção do parlamentarismo, em 1961 e 1962, atribuiu funções do presidente ao Congresso, então dominado por representantes das elites. 
- Com o sistema parlamentarista, João Goulart teria os seus poderes limitados.

- Até a extinção do Parlamentarismo (1963), o Brasil teve três primeiros-ministros: Tancredo Neves, Francisco de Paula Brochado da Rocha e Hermes Lima.
- O regime presidencialista foi restabelecido em 1963 após um plebiscito. pelo qual Jango conseguiu a volta do Presidencialismo por uma maioria esmagadora.




PRESIDENCIALISMO

- A crise econômica e a instabilidade política se propagavam no país. 
- Jango propôs as reformas constitucionais que aceleraram a reação das elites, criando as condições para o golpe de 64. 
- Podemos caracterizar o mandato de Jango como governo nacionalista e política externa independente.

* Acontecimentos deste governo
a) Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social: com o qual visava conter a inflação e retomar o crescimento econômico do país.
b) Lei de remessas de lucro para o exterior. Lei criada para diminuir a saída do capital brasileiro para o exterior. Tal medida desagradou os interesses das multinacionais que operavam no Brasil.
c) Reformas de Base: Entre essas reformas de base estavam inseridas a eleitoraleducacionalagrária, urbana, tributária, financeira e administrativa.
- Com as reformas Jango visara melhorar a distribuição de renda, controlar a remessa de dinheiro para o exterior, dar canais de comunicação aos estudantes e permitir que os analfabetos, maioria da população, votassem.

A esquerda foi favorável: UNE; organizações sindicais; as Ligas dos Camponeses; setores progressistas da Igreja Católica e os partidos de esquerda.
A direita foi contra: Empresariado urbano e rural; órgãos da classe empresarial, como a FIESP; a Federação da Agricultura; a grande imprensa; setores conservadores da Igreja Católica e a maioria da classe média.



O GOLPE MILITAR DE 1964: ELITES E MILITARES DERRUBAM O GOVERNO DE JANGO


- O estopim do golpe militar aconteceu em março de 1964, quando Jango, após um discurso inflamado no Rio de Janeiro, determinou a reforma agrária e a nacionalização das refinarias estrangeiras de petróleo.
- Partidários de Jango organizaram um comício no Rio com 200 mil pessoas que apoiavam essas medidas. Os trabalhadores deflagaram greves para pressionar os deputados e senadores na aprovação das reformas.
Apoio de populares às medidas de Jango


- Imediatamente a elite reagiu. O clero conservador, a imprensa, o empresariado e a direita em geral organizaram organizavam em várias cidades, as "Marchas da Família Com Deus pela Liberdade" pela Liberdade. 
"Marchas da Família Com Deus pela Liberdade"
- Em São Paulo a "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", que teve como uma de suas líderes a socialite Hebe Camargo, reuniu mais de 500 mil pessoas contrárias às medidas e ao governo de João Goulart. O repúdio a qualquer tentativa de ultraje à Constituição Brasileira e à defesa dos princípios garantias e prerrogativas democráticas constituíram a tônica de todos os discursos e mensagens.
Foi denunciada pelo marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, a infiltração de comunistas no seio das Forças Armadas, o que serviu de álibi para o Golpe Militar.
- Em 31 de março de 1964 começou o Golpe Militar.
- O golpe iniciou por Minas Gerais, tendo no comando o general Olímpio Mourão Filho, apoiado pelo governador Magalhães Pinto.
- Imediatamente esse golpe recebeu a adesão de unidades no RS, SP e GB. 
- Em 1 de abril Jango deixou Brasília e rumou para Porto Alegre, onde Brizola tentou convence-lo inutilmente a resistir. 
- Ambos fugiram para o Uruguai. 
- Termina assim com um golpe militar a República Populista
Vemos nesse jornal da época a Rede Globo" mostrando o seu apoio total e irrestrito ao golpe de 1964


- Em 9 de abril, foi editado o AI-1 (Ato Institucional número 1), que depôs o presidente e iniciou as cassações dos mandatos políticos. 

No canto direito da foto: Castelo Branco

- No mesmo mês, o marechal Castelo  Branco foi empossado presidente com um mandato até 24 de janeiro de 1967.
- Tem início o período de duas décadas, mais especificamente entre 1964-1985, da história do Brasil que ficou conhecido como Ditadura Militar
- O Brasil deixou de ter eleições diretas e passou a ter presidentes militares que governaram o nosso país de forma autoritária, por meio de atos institucionais, decretos-leis, atos complementares e emendas constitucionais.
- Nesse período o congresso Nacional nem sempre era consultado, e ao Alto Comando Militar cabia a escolha do novo candidato militar à Presidência da República. 
- A liberdade de expressão e de organização quase não existia. Os sindicatos, agremiações e partidos políticos foram extintos.




Referências:

Livros

BARBEIRO, Heródoto; CANTELE, Bruna; SCHNEEBERGER, Carlos. História: de olho no mundo do trabalho.

BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio. 4ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1991.

COTRIM, Gilberto. História e Consciência do Mundo: 2º grau. 6ª ed. São Paulo: Moderna, 2012. 

VINCENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História: geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2012.

Sites

História do Brasil 

História de Mestre 
Blog Cinquenta Anos em Cinco

2 comentários:

Unknown disse...

Muito obrigado professor, seus resumos são ótimos!

Unknown disse...

Parabéns professor. Excelente essa matéria.

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